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mercredi, novembre 26, 2003

A Crise 

Está a passar por uma crise. É uma explosão de sentimentos. A adrenalina é muito alta, os nervos também. O melhor é manter, pois, a calma. E pensar no futuro. Que, como sempre, chegará depressa.
Com aquilo que é, infelizmente, está longe de saber o que quer ser. De vez em quando, sente umas tonturas, tem umas ideias vagas, mas não consegue dar-lhes forma ou descobrir-lhes qualquer utilidade.
CC
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Loucura 

"A loucura é o sonho de uma pessoa. A razão é, sem dúvida, a loucura de todos."
Anatole France
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Faz hoje 4 anos... 

Devia ter previsto que aquela noite me previa algo de estranho.
CC
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mardi, novembre 25, 2003

O tempo, de Jorge Palma 

"O tempo não sabe nada
o tempo não tem razão
o tempo nunca existiu
o tempo é nossa invenção
se abandonarmos as horas
não nos sentimos sós.
Meu amor, o tempo somos nós."
Jorge Palma
abcd2003@tiscali.fr

Amor e Ódio 

Há muito tempo que a não via. Encontrei-a há dias. Não trocámos palavras. Olhámo-nos. Foram olhares derrotados e olhares tristes, olhares de raiva e de desespero, olhares que tiveram um passado de meiguice e outros que prometiam este mundo e o outro.
CC
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lundi, novembre 24, 2003

Que vício! 

Até estava a ficar com má cara. Ao tempo que não vinha aqui escrever uma coisita, ou outra. O trabalho hoje está a apertar-me os neurónios; e a porcaria do blospot também não está funcionar decentemente (como é já tradição).
CC
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Alma 

"Falamos tanto da alma, essa que tanto procuramos preencher "o ferido vazio".
Tentamos mostrar quem somos perante um reflexo tão poeticamente trabalhado pela nossa vivência.
Ser para quê?
Viver eternamente no palco da vida, e representar uma cena ridícula de quem queremos ser, decorada lentamente na doce penumbra dos bastidores, floreá-la, apresenta-la para o abrir das cortinas...
Sentir os aplausos da aceitação!
O querer existir, no momento que se tornou desejo, uma imposição, quebrou a verdade não pensada.
Será que o existir terá que ser perante o olhar de outrens?
Ou a existência em si está em cada um de nós?
Creio que será essa a nossa verdade, sermos dois em um...
A luta desigual do nosso eu vezes a nossa imagem e de quem queremos mostrar ser, é eterna
enquanto quisermos impingir a nossa pessoa como um produto de qualidade, calculado para consumo.
Algo que nos distingue como único, enquanto o preconceito existir...
Na nossa era o próprio preconceito é indecifrável, não será preconceituoso demonstrar, afirmar não sermos preconceituosos??
Qual a necessidade de uma explicação dessa afirmação???
Talvez a criação do nosso eu, como pintando uma pintura e expô-la, querendo chocar ou agradar, misturando sentimentos para sentir a existência no corpo.
Afirmando a sua posição estará a contradizer o seu próprio pensamento, estará sempre presente desde o inicio do pensar, no inconsciente mas bem lá no fundo, criando uma verdade preconceituosa, onde o preconceito só aparecerá num pensamento preconceituoso, tanta complexidade num só ser, o pensamento se torna manobrado, traindo a nossa pessoa, a nossa essência natural, como que apagada por um perfume.
Uma ficção vulgar, fútil para agradarmos a nós próprios e a tudo o que nos rodeia, como uma imagem ideal reflectida num espelho, que em vez de nos mostrar a realidade simétrica, mostrará a construção do inatingível, falso reflexo de um esforço de agradar.
Uma triste verdade esta nossa sociedade, mas não desesperem, eu estou aqui apenas para ser eu, mas sempre com a esperança de agradar, hahahahahahahahaha, que contradição, hahahahaha.
Beijos
da vossa
Jaci"
Enviado pela minha amiga virtual, Jaci Pinheiro
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samedi, novembre 22, 2003

A Vida 

A vida é como o tempo. É apenas uma lufada de ar fresco. Que nos passa entre os cabelos e acaba. Desaparece.
CC
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vendredi, novembre 21, 2003

Bom fim-de-semana 

O mito é o nada que é tudo.
CC
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Companhia 

Sem companhia, sozinho. Sentado no bar, a falar com as árvores. Encontrei uma senhora que me salvou a noite. Primeiro disse-lhe, “Obrigado, mas tenho de me ir embora”. E ela disse-me, “fica comigo, que eu preciso de companhia”. E ofereceu-me um pouco do seu vinho, que me poria mais bem disposto. E eu que não ficaria mais bem disposto, porque estava mal. Disse-lhe que talvez noutro dia. Mas a conversa começou e nunca mais acabou. Abri todo o meu coração, e a minha mente, para ela e, ao fim de muito tempo de palavras para lá e para cá, ela ficou comigo toda a noite, e foi minha. Bebi demais do vinho dela e senti-me melhor.
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Um Passeio 

Estou farto de passear hoje e farto de fazer compras. Da Fnac fui para o Pingo Doce, passei depois pela Valentim de Carvalho e dei uma espreitadela no El Corte Inglês. Não resisti em me assomar à porta da Vobis. Pelo caminho ainda tive tempo de ler o jornal. E tudo em ruas próximas umas das outras. Nestas: www.fnac.pt, www.pingodoce.pt, www.corteingles.pt, www.vobis.pt e www.semanarioeconomico.iol.pt.
Esta vida citadina é de uma velocidade louca.
CC
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jeudi, novembre 20, 2003

O Iraque, o Afeganistão e os terroristas 

Os atentados terroristas de hoje, contra um banco britânico e o consulado da Grã-Bretanha em Istambul, provocaram, até agora, 27 mortos e mais de 450 feridos. A Al-Qaida reivindicou o atentado.
É assim que os fanáticos islâmicos defendem os seus interesses (não percebo bem quais são). Tratam a vida como um objecto de que se querem desfazer. Detesto-os. Detesto quem despreza a vida.
O problema parece-me não ser o Iraque. O cerne da questão continua no Afeganistão, onde os aliados deixaram o serviço incompleto. Dizem-me que o governo afegão apenas controla Cabul. Todas as outras regiões daquele imenso país estão controladas por pequenos grupos islâmicos e a maior parte voltou para as mãos dos Taliban. Assim, os terroristas voltaram a poder passear-se calmamente pelas terras afegãs, sem que soldado algum os chateie. O Afeganistão voltou a ser o Paraíso dos fanáticos religiosos.
Estou triste.
O meu desprezo para todos os que não dão o devido valor ao milagre da vida.
E vou fazer como diz João Pereira Coutinho: vou rezar para que os EUA não deixem de lutar contra os terroristas.
CC
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Pensamento do dia 

Os "comunas" são como os burros, desde que entraram em vias de extinção, começaram a ter a sua graça!
Do meu primo Orlando Silveiro
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Tia Bobone, Portugal precisa de si 

Tia Bobone, Portugal precisa de si
Que falta de chá, foda-se! Ontem, olhei para a televisão, já no fim de um dos telejornais, assim como não quer a coisa. A TV, na altura, estava com pouco som. Estavam 4 gajos de óculos escuros nas trombas; logo pensei serem os R.E.M. Só depois me apercebi que os mal-educados, que davam, a torto e a direito, entrevistas de óculos escuros (todos eles), eram os nossos heróis da GNR no Iraque.
Mas que porra! Mandaram os homens para o Iraque sem lhes ministrarem um curso de boas maneiras? Sem se saber se tinham o mínimo de consciência do que é a boa educação? Tivesse o Governo convidado a tia Paula Bobone para lhes dar umas aulas, antes de deixarem os homens aproximarem-se do Aeroporto de Figo Maduro, e já nada disto teria acontecido.
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Ai, Paris... 

O que me custa mesmo, desde que chego a Paris, é olhar para o mapa e descobrir, sempre como se fosse novidade, que o mar está longe, tão longe. Podia ser um mar qualquer, não era obrigatório que fosse o mar de Sesimbra, companheiro desde a infância. Bastava que fosse mar.
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Mentira! 

O que eu queria, confesso, era ser triste à vontade, sem ter de disfarçar. A isso eu chamo qualidade de vida, a isso eu chamo poder absoluto. Há tanta gente a querer ser feliz, bolas, e eu a querer ser infeliz à vontade, sem ninguém a chatear-me, a lamentar-me, a perguntar-me se estou bem assim ou assado. Quem foi o imbecil que disse que ser feliz é que é bom?
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Reflexão 

As pessoas estruturam-se no dia-a-dia, durante toda a vida, e sem uma conexão obrigatória. Há coisas que começam hoje e acabam daqui a oito dias, ou daqui a oito meses, que não têm ligação alguma com o que está parta trás.
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Casamento 

De desgaste em desgaste, o conflito instalou-se em nossa casa. E as execuções psicológicas alastram como uma epidemia.
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mercredi, novembre 19, 2003

Conversas de táxi 

"Cheirar um lenço é o melhor para conter um espirro. Assim me ensinaram na guerra, em Angola”, disse-me o taxista, com vontade de conversa.
Fiquei-me por um “obrigado pelo conselho”. Estava sem vontade de falar. E ele, o taxista, já me havia dito quase tudo – esteve na guerra do Ultramar e aprendeu a passar despercebido aos inimigos, mesmo que estivesse constipado. Que lhe haveria eu de perguntar mais? “Por acaso tem uma aspirina?”, perguntei-lhe. E acabou a conversa.
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Conversas de Metro 

“- Já ouviste alguém dizer que gosta de um projecto do Tomás Taveira?
- Sim, conheço uma colega de curso que adora a antiga sede do BNU.
- Foda-se! A gaja é daltónica?»
Realmente, como pode um gajo, como o Tomás Taveira, envolvido em escândalos sexuais, financeiros e afins, além de ter o mau gosto que tem, conseguir ganhar tantos concursos?
Simples: Estamos em Portugal, país onde as ligações aos homens do PREC, ainda instalados em lugares chave do poderio estatal, são muito valiosas.
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No Metro 

Conseguir um lugar sentado no Metropolitano de Lisboa, em horas de ponta, é uma guerra feita de empurrões e atropelos, que, usualmente, acaba em troca de insultos entre sentados e apeados.
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Livros do Metro 

"A Coca", de J. Rentes de Carvalho. Lê-se bem, depois de ter aguentado o "Davas Respostas Lindas", do Eduardo Olí­mpio - uma merda. Livros de Metro, oferecidos nas estações. São grátis, e é tudo.
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A Sandra está imparável 

O enigma de um botão!
Estou cansada!
Estou farta!
Parece que o mundo resolveu perseguir-me, palpitar sobre, não me entender. A paciência chegou ao fim, ou será que anda aqui algum astro mau?!
Eh pá! Quem manda neste mundo pode esquecer um pouco de mim?!
Ninguém me ouviu! Andavam todos numa ânsia por desligar-me. Andavam todos com as frases da sabedoria: «Tens que aguentar!». Toda a gente sabe que tem que aguentar, e mesmo que não saiba vai descobrir sozinho, não precisava de ouvir esta!
«O mundo agora é assim!». Gostei da compreensão. E a solução!
Então um dia decidi. Parece que a única burra estúpida sou eu! Afinal todos têm uma teoria para resolver os meus problemas, e principalmente a língua afiada: «era escusado... podia ter feito... o melhor é não pensar muito... pensas demais.... dás demasiada importância a ... esquece isso... não vale a pena...»; bem soluções que todos estamos fartos de ouvir, e quando calha a nossa vez, ficamos verdes, ou azuis, talvez encarnados, de raiva por ter que engolir aquele sapo intragável, que na mão é escorregadio, na garganta áspero, embrulha o estômago de tal forma que ficamos às riscas e depois a digestão dá insónias!
Que pastilha esta!
Então resolvi procurar aquilo que todos tinham mas que eu não conseguia encontrar: o botão de desligar!
O melhor é ir a pé! Chama-se a isto prospecção de mercado. Vá, toca a andar. Nariz para cima, costas direitas e lá vais tu...
Deduzi: se é para desligar, então o que tenho que fazer é procurar uma loja de electrónica ou será de computadores?! Logo se vê, afinal tens tempo!
Entrei numa e o funcionário ficou a pensar que tinha avariado de vez. Esta precisa de Prozac!
- Não temos. - diz ele com o seu ar muito simpático, mas olhar de Coitadinha! - Não era melhor procurar um médico!
- Não eles não entendem! Para este problema ainda não foi encontrado o medicamento certo! – disse eu com o meu ar desiludido e frustrado.
Entrei noutra loja, e passei à seguinte e nada! Percorri todas.
Desisti!
Resolvi perguntar aos sábios como faziam essa coisa de desligar, porque já tinha percorrido todas as lojas de electrónica de Lisboa e ninguém tinha o tal botão milagroso de desligar gente. Será que estão esgotados?!
Eles, os sábios, embrulharam-se todos em explicações e nada disseram de jeito.
Deve ser segredo! «É segredo dizer qual é a loja?», resolvi perguntar. Viraram costas e foram embora. Descobri! É segredo muito bem guardado!
Porque não me ajudam? Oh sábios, não era mais fácil dizerem logo o segredo; o local, morada, e assim ficavam livres de mim! Oh!
- Segredo! Não se diz a ninguém - sussurrou uma voz tímida ao meu consciente. E continuou - Tens que continuar a procurar. Vais ver, tu consegues, continua a procurar!
- Estou cansada e farta de procurar?!
- Continua, vais encontrar!
Nunca ninguém me ouve. Eu disse que estava cansada! Sacanas. São todos uns sacanas!
Desanimada e frustrada lá continuei a minha pesquisa do que achava não haver. Acho que me andam a enganar!
- Pst! Tu aí de nariz no ar. Oh desanimada! Anda cá! – Esta não é a mesma. Uma voz forte e boçal a falar comigo!
Olhei! Que é isto? O Frank Horroroso! Aqui ao pé de mim!
- Então não é lenda? Só o tinha visto na TV?!
- AHAH! Não minha querida, eu sou o segredo que procuras!
- Então porque não disseram logo?
- Porque é preciso sofrer, procurar, querer, amargar, estupidificar até me encontrar. Uma passagem pelos piores verbos. Anda comigo...
Fiquei na dúvida. Como ia eu com aquele monstro horroroso! Não, não vou!
De repente... larga-me seu monstro, não quero. Deixa-me, solta-me...
Nada adiantou. Ele era mais forte. Um estalo valente e eu fiquei apagada...
Acordei sem saber horas, minutos ou segundos. Apenas eu como tinha vindo ao mundo, amarrada e nua. Apareceu o monstro horroroso. Estou feita!
Olhei em volta a ver se podia gritar. Talvez pedir ajuda a alguém? Como a Internet faz falta! Não! o telemóvel onde está?
Sem solução, tinha que aguentar. Afinal estou aqui amarrada e já todos tinham dito isto.
Então o monstro começou a abrir as várias caixas que tinha. Cada uma delas tinha ferramentas muito pequeninas, outras maiores, fios, chips de várias cores, botões de vários tamanhos, uns com variação de intensidade, outros apenas com duas posições, menos modernos. Aquilo que eu procurava estava ali, à minha frente. Afinal havia botões de desligar.
- Estás com sorte cachopa! – disse o monstro. Eu pensava, deve ser alentejano porque o termo é do Alentejo. Um monstro alentejano – Então vais ter que escolher, moça – Não afinal é do norte – Tens aqui muitos botões que procuravas, rapariga – decididamente é de Lisboa.
Comecei a vaguear os olhos por aquela panóplia de botões. Como é difícil a escolha. Mais valia ter um modelo único, como nas lojas de roupa, modelo único, ninguém pode ser nem mais alto, nem mais baixo, nem mais gordo, nem mais magro, todos iguais com genes diferentes. Só genes?! Génios também!
Lá acabei por escolher um modelito que achava que me ficava bem.
- Agora escolhe os fios. Precisas de...
- Mais uma escolha! Então a electrónica não é por tua conta? – resmunguei.
- Escolhe!
Nova tarefa difícil. São tantos e estão todos emaranhados. Onde está a ponta disto tudo.
Terminei. Escolhi meia dúzia pois já não me lembrava quantos eram. Espero que chegue.
- Agora vamos à parte mais difícil. Local de instalação. Escolhe!
Escolhe outra vez! Tudo, é, escolhe! Porque não está este sábio da electrónica disponível para ajudar nas escolhas. Tenho que ser sempre eu?!
Ok! Começo pela cabeça ou pés? Já sei, tenho que escolher. Então vamos lá ver onde começo. Talvez pelos pés. Dez dedos, mas só preciso de pensar em cinco porque os outros são iguais, afinal nós no exterior somos todos simétricos. Percorri todos os meus dedos mas nenhum era bom para instalar aquele conjunto de fios e o botão. Como ia depois calçar os sapatos?! Era um prejuízo enorme, ter que agora renovar toda a minha sapateira! Que mal ia ficar uma pessoa com o meu tamanho e de pés grandes, todos iam descobrir que não era santa!
Passei às pernas. Meio problema resolvido, eu sou simétrica, esta já tinha descoberto. Como é fácil avançar! Não cheguei a conclusão nenhuma. A fatal depilação. Como ia ser complicado ter que vir aqui ver este monstro cada vez que tivesse que fazer a depilação. Nem pensar, fora de questão. Talvez esta solução seja boa para homens, para mulheres não!
Heheh! Cheguei a uma parte não simétrica. Agora tenho dois problemas. A parte da frente não é igual à parte de trás, e deixei de ser simétrica.
- Frank agora é mais difícil decidir. Deixei de ser simétrica, tanto no interior como no exterior. Ajuda-me!
- Aguenta-te. Desenvencilha-te. Para que serve a cabeça?
- Ainda não cheguei lá. Estou só no corpo.
- Despacha-te que tenho muitos clientes à porta! Não tenho o tempo todo!
Como é simpática esta horrível criatura!
Bom! Se eu dividir por quatro esta parte e começar a incidir a minha atenção por cada uma das partes fica fácil e até já começo a ser simétrica, apesar de cilíndrica. O interior, nem vou pensar nele. Vamos ficar só pelo exterior. Fiquei afinal com 3 partes. Mais fácil. Ora no rabiosque nem pensar em instalar isto. Preciso de me sentar e devia ser desconfortável estar sempre a sentir o meu botão de desligar. Menos uma. O sexo... não me parece! Também não é boa ideia!
O melhor é continuar a subir. Aqui acho que não posso esquecer o interior. Vou ter que pensar nele outra vez, ou seja, ficou outra vez complicado, em vez de diminuir aumentou de novo o meu problema. Não ficou de novo o exterior. Se eu coloco isto no coração ou no estômago tenho que ver este monstro outro vez. Mas era aí que eu mais precisava. Então o mundo não me manda desligar o coração? E os sapos que ficam entalados no estômago?! Aqui é que eu precisava!
- Acho que achei o sitio ideal. No coração. – disse eu. Finalmente tinha descoberto.
- E então queres que fique em ligado ou desligado?
- Então o botão não é para poder ligar e desligar quando eu quiser, e der mais jeito aos outros?
- É! Só que temos que decidir a posição. Quando colocamos no coração o botão passa a ser único. Queres na posição de ligado ou desligado?
Caramba! Este monstro só complica.
Se ficar no desligado não vou aproveitar nada. Acabou aqui. Passarei a ser mostrenga andante. Não me parece! Ligado! Nessa já ele está e complica tudo. Mas todos querem exactamente isso, «não sintas nada,... faz de conta,... deita para trás das costas,... esquece,... pensas demais,...». Oh não!
- Ó Frank podias fazer uma puxada para fora. Tipo extensão. Assim podia estar acessível e ainda tinha a vantagem de poder usar como botão de desligar.
- Não! Já disse. Não se muda as regras. Tens cá uma mania. Escolhe!
Esta vou ter que por de lado. E o estômago vai pelo mesmo caminho. Depressa acabava doente. E a energia onde ia buscar?! Não, esta também não é boa.
E cá fora. Simétrico mas onde? Também não tenho sítio. Lá se iam os prazeres de um abraço ou beijos. Depressa podia desligar quando estivesse na melhor parte. Não pode ser!
Finalmente encontrei. Nos ombros. Boa! Não é aqui que levamos a cruz da vida, nos ombros. É aqui. Achei... Espera! Então e aquele vestido que viste ontem, ombros à mostra. Não faz mal!, agora a moda despe de um lado e põe à mostra o que devia tapar. Basta falar com o estilista que tudo tem solução...! Não ficava muito à mão de qualquer um. Imagina no autocarro e click, desligaram-te sem querer. Não pode ser!
Vamos continuar, continua a subir. Pescoço. Não este é um dos pontos bons. Não que desliga.
Cheguei finalmente à cabeça, coisa inútil hoje em dia. O bom é não ter cabeça, ou melhor seguir a cabeça dos outros, ou ainda seguir a cabeça de quem fala contigo. Andam todos a dar palpites de borla. Todos têm soluções milagrosas, e o «se fosse com eles era...»... Então é aqui mesmo que vai ficar.
- Frank ficou a cabeça de fora. É aqui – disse eu.
- Então não vais mais ao cabeleireiro. Acabou o penteado, lavar o cabelo. Nunca mais podes molhar senão dá curto-circuito. Vais ficar com teias de aranha.
- Não podes arranjar uma touca ou peruca que possa esconder? – disse. Então só tinha mais esta hipótese e este não colaborava comigo? O interior deve ser como o coração, por isso nem vou fazer a sugestão. Essa eu já aprendi. - Ajuda-me Frank. Há sempre solução para tudo. Estou cansada. Dá-me uma ideia!
- Isso não é problema meu. Olha estás a fazer-me perder a paciência. Tenho agora que ver o meu umbigo, coloquei um pircing que está a incomodar. Despacha-te. Também a novela das 3 está a começar e o meu amigo vampiro convidou-me para um churrasco.
Ok! Desisto. Prefiro ficar assim como sou.
- o quê? Então depois de todas as opiniões que dei, depois de me fazeres perder este tempo todo com as tuas indecisões, depois de teres estado a cansar-me de tanto pensares alto, pensas que isto fica assim?! Estás muito enganada! Vais pagar! Afinal deixei de ver a novela da uma, e também estive aqui a aguentar o incómodo do meu percing porque estavas a falar, e eu estive a ouvir!
- Espera, Frank, estás a perceber mal...
- Ainda não entendeste que o segredo é: Faz aos outros o que te fizeram a ti. Parte e procura a primeira oportunidade. Vais ver, vais ficar melhor....És muito mal agradecida... uma ingrata!.... Eu aqui a explicar tudo e tu não entendes nada.
Pegou em mim e deitou-me fora.
Oh! Outra vez neste mundo cão. Tenho os mesmos problemas e não tenho botão de desligar.
Lixada pela falta de um botão..."
Sandra Baptista
abcd2003@tiscali.fr

Cascar mais no Ferro! 

O senhor deputado Ferro Rodrigues é economista. Assim sendo, eu sei, acredito, que o homem sabe como se processam os ciclos económicos e quanto tempo duram os efeitos de um erro de política económica – socialista -, nos bolsos dos cidadãos. Logo, restam-me poucas possibilidades, sempre que o oiço a colar as culpas da estagnação económica ao actual Governo: ou o homem é hipócrita, demagogo, mente economicamente, ou é um obsessivo do gasto do erário público.
A despesa pública, ou mesmo um avultado investimento público (tirando a Ponte Vasco da Gama e a colecção de estádios de futebol – que não deverão servir para nada após o Euro 2004 -, não me lembro de mais nada de peso nos últimos anos), como mesmo as gentes de esquerda sabem, só serve de alavanca a um país por seis meses. Depois desse espaço temporal, o efeito dissipa-se. Tem de se voltar a gastar dinheiro aos cofres públicos para se manter igual nível de emprego e de crescimento. Entra-se num ciclo vicioso, do qual é difícil sair.
A ideia de aumentar o emprego e o PIB através de aumentos na despesa pública, só é possível se for contínua. O que é impossível e indesejável, mesmo no curto prazo; não leva país algum a lado algum.
Ora, com o fim – graças a Deus e aos eleitores -, da era Guterres, acabou-se com o aumento descontrolado da despesa pública e o aumento contínuo da despesa corrente, gerando, é claro, mais desemprego.
É lógico que a manutenção do emprego, falso, se tornou insustentável, através do contínuo aumento da despesa. A diferença entre o PIB nominal, real e potencial passou a sentir-se, de uma forma mais explícita, nos bolsos dos portugueses.
A culpa não é deste Governo – que já tem algumas culpas no cartório. É dos socialistas.
O Governo socialista foi dos mais intervencionistas da última década. Conseguiu mesmo superar os «socialistas» de Cavaco Silva. Atravessou-se em quase todos os mecanismos económicos; partidarizou os centros intermédios de poder; estimulou a subsídio-dependência; perturbou o funcionamento de muitos mercados sectoriais; interferiu em negócios de agentes privados; tentou escolher os parceiros estratégicos de grupos empresariais privados; geriu as parcerias das suas empresas estratégicas como quem joga ao monopólio.
CC
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Informatiquês! 

"Todos sabemos que o que está na berra é a Informática.
E o português onde anda?
Diariamente, onde quer que se vá, ouvimos e lemos novos verbos, que não passam de palavras estrangeiras que apanharam um AR. Novos verbos, desconhecidos de Camões, mas muito actuais, como clicar.
Todos conhecemos também o printar, o scanar, o software e o hardware, a performance, enfim, algumas destas palavras são verbos ingleses, outras são meros substantivos. Ora como o português ainda tem adjectivos, substantivos e verbos, porque não usamos os nossos?
Acabamos por nem usar o inglês (estrangeirismo), nem usar o português, usamos sim o informatiquês.
Então Clicar, novo verbo para a nossa extensa gramática, é o mesmo que premir o botão do rato, ou então mais curto sem dúvida, fazer click ou primir.
Printar também não existe, existe sim uma palavra mais rica, imprimir, ou então, usemos a elegância do estrangeirismo, fazer print.
Scanar é uma das mais engraçadas e dúbias, pois pode ser rapidamente, uma questão de dicção, confundida com sacaniar. Ora, fazer um scanner é digitalizar algo. Também podemos dizer copiar para o computador.
E o que será software e hardware? Não mais que programa e equipamento. Quanto ao software estamos empatados em letras com os ingleses, já para hardware, somos mais ricos, pois usamos mais letras. 1-0, ganhamos nós.
E performance o que será? Isso mesmo, desempenho, realização, ou execução. Porque não usar uma destas? Esta é a demonstração que gostamos de complicar, pois a palavra inglesa tem 11 letras contra as nossas 10/10/8. Ficamos a perder!
Vamos usar os computadores sim, para nos facilitar a vidinha, mas continuemos a usar a língua de Camões, que é nossa também."
Obrigado Sandra Baptista, amiga que sempre vai contribuindo para este blog.
abcd2003@tiscali.fr

Cascar no Ferro Rodrigues 

Vi o homem, na rua, depois, mais tarde, na TV. Irrita-me aquela cara. Tenho de cascar no homem. Cá vai, mesmo sem ser actual.
Um homem que mente sobre uma coisa é um potencial mentiroso sobre todas as outras. É por isso que não ponho as mãos no fogo por Ferro Rodrigues, o homem que só tinha um telemóvel, com um só número.
Lembra-me o "Triunfo dos Porcos", de George Orwel. Sobre tudo o que se passa ao seu redor, Ferro Rodrigues tem apenas uma opinião: "acerca disso, acho que o senhor ministro da Defesa, doutor Paulo Portas, se deve demitir." E mais não diz, nem sobre o país - que prometeu defender no Parlamento -, nem sobre o estado a que chegaram as contas do partido que lidera.
É caso para dizer: há Paulos e Paulos. E os do PS são sempre mais iguais que os dos outros partidos.
CC
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mardi, novembre 18, 2003

Irritado! 

Se há coisa que me irrita é começarem com uma pergunta misteriosa, deixar a conversa correr até certo ponto num crescendo suspense. E, quando estou quase a perceber do que se trata, desligam-me o telefone na cara.
CC
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Estarei a ficar velho? 

Quando remamos contra a maré dos nossos 36 anos, é como se obedecêssemos a uma regra cósmica segundo a qual não se consegue estar inteiramente satisfeito, em simultâneo, com a nossa vida profissional e emocional.
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Esperança 

Aconteça o que acontecer, há que manter sempre um sonho vivo. Até porque a esperança é a última a morrer. Morre ao mesmo tempo que nós. Levamo-la para a cova.
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Saudade 

O meu amor. Foi-se embora para um sítio sem retorno. As saudades apertam. Saudades, lembranças, recordações, é só o que resta. Só.
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Constatação 

Às vezes é fácil dizer o que nos vem à cabeça. A chatice é quando a facilidade se transforma em asneira.
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Outra vez a Allende 

O meu amigo Joaquim Godinho escreveu acerca do meu post sobre a Isabel Allende:
"Gostei do texto da Isabel Allende. Eu não li muita coisa dela, os livros estão caros e as bibliotecas aqui são raras.
Embirras com a senhora por ser de esquerda ou pelo nome que usa?
Essa da burocracia ser património da esquerda, não concordo. Aliás, ela sabe do que fala, provem de uma das sociedades mais conservadoras e isoladas do mundo por razões históricas, geográficas e até pela forma do Chile, uma língua estreita entalada entre os Andes e o pacífico, e vive numa das menos conservadoras do mundo. Eu não acho que a economia americana seja de direita, até porque qualquer um tem oportunidade de evoluir e os novos ricos não são mal vistos. É muito mais difícil saltar as barreiras na Velha Europa."
E eu respondo:
Embirro só com o facto de a senhora estar sempre a dizer que é de esquerda, quando os pensamentos dela vagueiam pela direita e o centro. No livro, ela chega mesmo a chamar de utópico ao Salvador Allende. Quanto ao Pinochet, acho-o um militar parvo, sem cultura geral e, muito menos, económica. Teve a sorte de os norte-americanos da consultora Catos lhe ter ido bater à porta e, só por isso, o Chile tem agora o sistema privado de pensões mais rentável do mundo (os descontos de cada trabalhador rendem 13% o ano!). Facto muito bem aproveitado pelos últimos governos socialistas (eleitos democraticamente).
Mas, nas minhas linhas, disse também que a burocracia era típica das ditaduras de direita (Salazar, Pinochet, Franco, Mussolini).
Eu sei o preço dos livros; tenho-me resignado a comprar a colecção Mil Folhas, do Público, a aparecer mais nas feiras do livro mensais, na Expo, assim como a vasculhar os saldos da Fnac. E, quando posso, peço-os às editoras, com a desculpa do jornalismo - e assim cheguei ao ponto de não saber bem onde arrumar os livros, por falta de móveis no escritório.
Quando falo de direita e esquerda, refiro-me sempre à política económica. E é claro que nos EUA, não existindo muita legislação (típico da direita económica), não existe tanta burocracia.
É claro que continuarei a ler Allende, sempre que ela escreva algo de novo; que acredito será algo de bom.
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Conversas Parvas 

Conversas parvas. Quando digo parvas, é no sentido que não adiantam nada à nossa vida, não nos divertem, nem nos ajudam a brincar com as ideias. Quando digo parvas, às vezes, quero dizer más, palavras deixadas cair como que por acaso dentro de outra pessoa e que lá ficam a destilar veneno, a corroer a confiança, a fomentar o medo.
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Comida de avião 

Aprendi a gostar de comida de avião. Foi num dia em que entrei no avião com uma fome descomunal. Comi tudo o que puseram à frente e pedi para repetir. A partir desse dia, sempre que voo em primeira classe, repito o champagne e o caviar.
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Aeroportos 

Num aeroporto passa tanta gente. Passam-se tantas coisas. Amores e desamores. Partidas forçadas, há tanto esperadas. O aeroporto é uma espécie de Internet não digital. O sítio onde se cruzam todas as línguas.
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A Escrita 

Não se escreve algo bonito só porque se tem vontade de o fazer. Acontece, nada mais. Quando estamos em dia não, torna-se muito difícil fazer mais que, simplesmente, trocar letras. E, normalmente, o puzzle não sai lá muito apetecível.
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Provérbios, bem portugueses 

Encontrei-os numa agenda antiga, velha, já a ganhar bolor. Lembraram-me algumas coisas que os meus avós me diziam:
"Ao diabo e à mulher, nunca falta que fazer."

"Quem pouco tem e isso dá, cedo se arrependerá."

"Querer desculpar a asneira, é asnear doutra maneira."

"A ambição cega a razão."

"Quem pelo alecrim passou e dele não colheu, ou nunca teve amores, ou deles se esqueceu."

"Se queres bom conselho, consulta o travesseiro."

"Não há maior prova de delito, que o papel escrito."
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Inspiração 

Certamente não acordei com a inspiração esperada pela Atalaia. Mas inda é cedo. Para já, adiciono mais este blog aos meus favoritos.
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lundi, novembre 17, 2003

Copy Past 

Em dias como o de hoje, de preguiça, nada como "roubar" umas frases à concorrência, daquelas que gosto, claro.

"Há coisas dentro de nós que não sentimos como nossas, impressões sentimentais que nos foram impostas por estranhos acasos." Fernando - Escrita Ibérica

E, já agora, gostei do Ouro Sobre Azul.
Agora vou dormir um pouco antes do jantar. Até amanhã.
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Hoje estou com preguiça 

Estou mesmo. E deu-me forte. Escrevo mais daqui a bocado.
Primeiro preciso de cafeí­na.
Até já!
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vendredi, novembre 14, 2003

Chegou o Caso Arrumado 

O Caso Arrumado é um dos mais recentes blogs portugueses. Gosto e aconselho. Bem vindo à blogosfera.
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jeudi, novembre 13, 2003

Mises Quiz: 94! 

Também eu fui fazer o Mises Quiz, de que tanto têm falado o Causa Liberal, o Intermitente, o Cataláxia, o MataMouros, o De Direita, e o Liberdade de Expressão.
Graças a Deus: tive 94!
Parece-me que o tí­tulo de Libertário cabe aqui ao Vamos Lixar Tudo.
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União Socialista Europeia 

O socialismo num país falhou há muito tempo. A tentativa agora é a de instaurar o socialismo num Continente. É claro que é um socialismo diferente do outro, muito mais brando, quase fabiano, com boas maneiras, mas no fundo move-o o mesmo impulso jacobino.
Jospin, Blair, Guterres, Shoroder, e mais um ou outro, estão-nos a impingir uma União Socialista Europeia, a bem da harmonização das igualdades, que eu detesto.
A União Europeia, que vai caminhar para uma federação, como querem os socialistas, e alguns sociais-democratas, é uma farsa e um erro.
Viva a Irlanda. Viva a democracia liberal e viva a soberania de cada Estado.
CC
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Alguém pode ajudar esta senhora? 

Nasci no Alentejo e vim trabalhar para Lisboa quando tinha 14 anos. Agora sou funcionária pública e comecei a estudar à noite parta poder subir na carreira. Sou casada há 12 anos, tenho dois filhos e adoro o meu marido. Apesar disso, estou fascinada pelo meu professor e inglês, que é divorciado e também mostra interesse por mim. Nunca lhe disse que era casada. Devo avançar ou esquecer?
Maria, 45 anos, Baixa da Banheira
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Livros 

A vida é feita de contrastes. Mas curam-nos os livros e as imagens que nos libertam da depressão, da angústia e do absurdo, que conferem sentido e energia para vivermos generosamente.
CC
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Gosto de Isabel Allende, mas… 

Isabel Allende – "O Meu País Inventado"
“O funcionário público deve compreender desde o seu primeiro dia na repartição que qualquer sinal de iniciativa ditará o fim da sua carreira, porque não está ali para exibir méritos, mas para alcançar dignamente o seu nível de incompetência. O propósito de mover papéis com selos e carimbos de um lado para o outro não é resolver problemas, mas impedir soluções. Se os problemas se resolvessem, a burocracia perderia poder e muita gente honesta ficaria sem emprego; pelo contrário, se piorarem, o Estado aumenta o orçamento, contrata mais gente e assim diminui a taxa de desemprego e todos ficam contentes. O funcionário abusa da sua migalha de poder, partindo do princípio de que o público é seu inimigo, sentimento que é plenamente correspondido. Foi uma surpresa comprovar que nos Estados Unidos basta ter uma carta de condução para se movimentar no país e a maioria das questões é resolvida por correio. No Chile, o empregado de turno exigiria ao solicitante prova de que nasceu, não está preso, pagou os seus impostos, se recenseou para votar e continua vivo, porque mesmo que esperneie para provar que não morreu, mesmo assim não fica isento de apresentar um «certificado de sobrevivência». Como será agora, que o governo criou uma repartição para combater a burocracia? Os cidadãos podem reclamar quando são maltratados e acusar os funcionários ineptos… em papel selado com três cópias, claro. Recentemente, para passar a fronteira com a Argentina num autocarro de turismo tivemos de esperar hora e meia enquanto nos revistavam os documentos. Era mais fácil saltar o antigo muro de Berlim. Kafka era Chileno.”

Estou a acabar de ler este livro da Allende. Acho que li todos os livros da senhora. E gosto muito. Irrita-me apenas a mania de se declarar de esquerda, quando o não é. Basta ler com atenção o excerto do livro que aqui copio.
A burocracia é típica de países socialistas, comunistas, esquerdistas e de ditaduras de direita. É por isso, que tal como no Chile, Portugal é um país extremamente burocrata, com réstias do “reinado” de Salazar e excesso de tiques socialistas e socializantes. É ridículo que a nossa Constituição tenha um artigo dedicado à desburocratização!
Nos países de direita económica, como os EUA, onde reside Isabel Allende, a burocracia é diminuta. O funcionário dos serviços públicos está ali para atender o público e não para servir o seu chefe.
CC
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mercredi, novembre 12, 2003

Amor 

Foi uma amarga desilusão. Todo aquele amor perdido. Todo aquele tempo passado, que não passa agora de memórias, umas perdidas, outras que se vão perdendo, umas atrás das outras, até que se percam totalmente. Esquece-se a amargura. Esquece-se a desilusão. Esquece-se o amor.
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Emmanuel Félix 

«...E é tudo
subitamente tão belo
como se tivesse de partir
ou acabasse de chegar.»
Emmanuel Félix
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Voltaram os comments. Ainda bem. 


Desapareceram-me os comentários.... 

Mas que raio! Estou a começar farto do Blogspot.com. Se é difícil ver todo o site à primera, agora desapareceram-me os comentários - que lá continuam no template...
Assim que arranjar tempo e pachorra, tento mudar-me para outro lado.
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Mais dois links 

Gostei do Blog da Inha. Linkei-o ao meu. Chama-se Só Dias Coloridos. E fiz o mesmo com a Ruiva. E com a Maria. E com: a Neurótica, a Thelma & a Louise, e a Moranguinha.
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Isabel Allende - "Retrato a Sépia" 

«O que posso dizer do meu primeiro encontro de amor com Diego Domínguez? Pouco, porque a memória imprime a preto e branco; os cinzentos perdem-se pelo caminho. Talvez não tenha sido tão desgraçado como recordo, mas os matizes esfumaram-se; guardo apenas uma sensação geral de frustração e raiva.»
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Promessas 

Conheci-a. Ofereci-lhe rosas. Vermelhas. Esqueci-me do significado de dar flores. E logo vermelhas. As rosas, e as promessas. E eu que pensava saber ela que apenas lhe estava a prometer uma viagem de um dia – ou, vá lá, até dois, enfim, um fim-de-semana. Insistiu, ela. As rosas, que eram vermelhas. O sangue e o coração. O amor. Uma promessa. Acedi. Fiquei mais um dia. E outro. E mais um. E os dias começaram a não ter fim. E as rosas, e o vermelho, ofereci-lhe mais.
As rosas vermelhas e a nova promessa. O Amor, uma promessa, o sangue e o coração.
Fins-de-semana, de manhã, no parque. À noite, na cama. E mais rosas. Rendi-me. E ofereci-lhe mais rosas. Mais promessas. E passei dias sem fim, eternos. As conversas que nós tínhamos.... Ah, agora que me lembro.
E as rosas e as promessas e as juras, e os beijos, e o amor até não poder mais, e os jantares, e os almoços, e os piqueniques, e as rosas e mais rosas e mais promessas.
E o tempo a passar, com dias sem fim.
E as rosas, essas, um dia foram amarelas – não sei qual o significado dessa cor numa rosa, nem me interessa. Foram as promessas, os beijos, o vermelho sangue, o coração, as juras, o amor. Foi-se tudo, que o tempo que passa passou.
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mardi, novembre 11, 2003

Frases emprestadas 

Fui espreitar e gostei.
Da Ana:
"Às vezes levamos dias seguidos com um nome, uma frase, uma música, a ressoar dentro de nós, sem que saibamos como nem porquê; devem ser restos de sonhos muito antigos, alguns nunca sequer sonhados, mas que, pairando à nossa volta, pousaram com discreta intromissão, suave estranheza de cores levemente desbotadas." - Modus Vivendi.
E da Papoila:
"Se a "esperança" fosse gente, era um antipático director de serviços e eu uma inexperiente estagiária...uma coisa assim do género...».
E da Sofia:
"A existência humana encontra-se irremediavelmente condenada à infelicidade, seja por ficarmos presos a um tempo de dor, seja por ficarmos presos a um tempo de felicidade. É esta a nossa maior tragédia." - A Natureza do Mal
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Um destes dias... 

Um destes dias, quando o tempo passar, talvez as insónias me larguem. Por enquanto vivo um pesadelo a preto e branco. E parece ser eterno. O medo e a ansiedade, não me largam. Nasci de madrugada, mas na minha cabeça os relógios não obedecem a regras.
Acordo, assim sem mais nem menos, a meio da noite, logo que prego olho. Grito sem voz, caio sem ruído.
Às vezes passo vários dias acordado, calado, consumido por más memórias guardadas num canto obscuro do meu cérebro.
Como se tecem as memórias? O que se guarda ou anula? O que se esconde, se revela, se mantém oculto por de trás da imagem e da palavra? Deixem-me pensar... Não tenho muito a dizer sobre isso. Grito sem voz, caio sem ruído.
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Fazer Trabalho.... 

Concordo absolutamente com a «Saga da Culpa» da minha amiga Sandra Baptista. Descreve, claramente, o país real em que vivemos. A generalidade dos funcionários públicos limita-se a contar o tempo de trabalho, mas não o trabalho que fazem. Para eles, produzir é o passar das horas, nada mais do que isso. No entanto, a culpa não é dos funcionários públicos. É do sistema, a que estão habituados e que não foi posto em vigor por eles, mas por quem legisla, os mesmos políticos que dizem lutar pela produtividade.
O que está mal?
O funcionário público não trabalha para servir o cliente, mas sim a hierarquia. O seu chefe. O funcionário público pode até achar que os métodos de funcionamento do seu serviço estão errados; mas ele não contesta, porque isso será contestar o seu chefe. Ora, contestar o método, de forma a melhorar a qualidade do serviço ao cliente e a produtividade, é contestar o seu chefe, o mesmo que tem a faca e o queijo na mão no que diz respeito à sua evolução na carreira – que é o mesmo de dizer no salário.
O funcionário público deveria servir o cliente e não o seu chefe. É aqui que está o problema dos funcionários públicos. Deveria acabar a ideia de que se sobe de carreira com o passar dos anos e não porque se é bom naquilo que se faz.
A burocracia só emperra, diminui a produtividade e, consequentemente, o rendimento dos trabalhadores. Privatizem-se os funcionários públicos.
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Nada 

Sentei-me, pedi um café fraco e ,acto contínuo, acendi um cigarro. Sinto-me vazio, com a cabeça oca, mas sempre com u zunido no cérebro e uma série de palpitações no coração. Sinto-me, minuto após minuto, como se estivesse à espera de qualquer coisa má, que desconheço o que possa ser.
Eu sei que é esta maldita ansiedade, sempre a martelar-me a cabeça e a boa disposição.
Quando estou assim, detesto todo o tipo de responsabilidades. Quero é estar só, sozinho, longe de tudo e de todos. Sozinho, longe do mundo.
Não me apetece trabalhar, não me apetece ler, não me apetece escrever, não me apetece nada, nem me apetece apetecer o que quer que seja. Apetece-me só não me apetecer nada, absolutamente nada.
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Reencontro 

E se ela sempre aparecesse? Sim, ela telefonasse: «olha, estou aqui»?. Não sei o que faria. Certamente lhe responderia «Sim, e eu cá continuo, no mesmo sítio de sempre, à tua espera.».
Depois de 12 horas de trabalho seguido, qualquer um fica cansado, com o cérebro confuso e a visão meio enevoada. Foi por isso que, à primeira, não acreditei no que estava a ver, na pessoa para quem estava a olhar. É do cansaço. Só pode ser. E olhei para o outro canto o bar. De qualquer modo, as possibilidades de a encontrar, assim sem mais nem menos, em Lisboa, no primeiro bar a que ia desde os últimos meses, eram bem diminutas. Voltei a vê-la quando uma mão me tocou no ombro esquerdo, uma cara me sorriu, uns lábios me beijaram a cara e uma boca me disse «Olá, sou mesmo eu». Fiquei espantado! Admirado! Não queria acreditar no que via, em quem via, ao mesmo tempo que pensava no tempo que tinha esperado por aquele encontro, aquele reencontro. Respondi-lhe com um «Olá», e um beijo, assim como que a medo. Tive de lhe tocar para ter a certeza de que era mesmo ela. Estava fora de mim, a precisar de me sentar e beber qualquer coisa bem forte. Peguei-lhe na mão, em silêncio, e puxei-a para uma das várias mesas vazias – sem me preocupar se ela estaria acompanhada ou não. Sentei-me e pedi um gin tónico ao empregado mais próximo. Continuei calado por um bom par de minutos, apesar de a continuar a olhar, boquiaberto, ainda sem acreditar na presença dela, ali mesmo à minha frente, tão perto, tão à mão de semear.
Começámos então a falar. Primeiro lembrámo-nos do nosso passado recente. Depois lembrámo-nos de todas as lembranças que tivemos um do outro ao longo de quase seis anos de silêncio. Não eram poucas. Passámos, afinal, seis anos a construir um presente que nunca existiu, mas do qual vivemos todo esse tempo. Precisámos que chegámos àquele bar a viver juntos durante seis anos, sem que nesse período de tempo nos tenhamos visto, ouvido, escrito. Sempre longe um do outro e presentes num e noutro, sempre, todo aquele tempo.
Não resistimos. Não podíamos esperar mais.
Paguei a conta e saímos do bar. Fomos para o hotel – certificarmo-nos de que ainda conhecíamos os nossos corpos. Seis anos depois a mesma história de sempre recomeçava. Agora noutro lugar, noutro pais. Mas sempre igual. O mesmo amor, a mesma paixão, que nunca tinha acabado, afinal de contas, nunca tinha desaparecido, voltou com toda a sua força. Desfizemos vidas feitas e voltámos a refazê-las. Mudámos a história das nossas histórias. Recomeçámos tudo do princípio, tudo de novo.
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Três casos típicos de gestão 

Enviado por Rita Taborda.

Três Casos Típicos analisados num encontro mundial de gestão empresarial.
Caso 1:
Ia uma jovem a passear com o seu namorado, quando ouviram uns empregados de umas obras gritar:
- Oh cabrão, não a leves a passear, leva-a mas é para um lugar escuro e come a gaja !!!
O rapaz, muito envergonhado, segue o seu caminho com a namorada e passam por um parque onde estão vários reformados sentados que ao vê-los começam ás bocas ao noivo:
- De mãozinha dada com a miúda, devias é levá-la para um motel, ó paneleiro !!!!
O rapaz, cada vez mais envergonhado, decidiu-se levar a namorada a casa e despede-se:
- Então até amanhã, meu amor!
A noiva responde-lhe:
- Até amanhã, surdo de merda!!!
Conclusão:
Escuta e põe em prática os conselhos dos consultores externos, são gente com experiências, se não o fizeres, a tua imagem e gestão empresarial ver-se-ão seriamente deterioradas.
Caso 2:
Um réu, condenado a prisão perpétua por assassínio em primeiro grau, consegue fugir ao fim de 25 anos na prisão. Ao fugir, entra numa casa onde dorme um jovem casal. O assassino ata o homem a uma cadeira e a mulher à cama. A seguir, encosta o seu rosto ao peito da mulher, levantando-se de seguida e saindo a seguir do quarto.
Imediatamente, arrastando a cadeira, o marido aproxima-se da esposa e diz-lhe:
- Meu amor, este homem não vê uma mulher há anos. Eu vi-o beijando-te o peito e aproveitando que ele se afastou um pouco, quero pedir-te que cooperes com ele e faças tudo o que ele te pedir. Se ele quiser fazer sexo contigo não o evites e finge que gostas. Por favor, não o afastes. As nossas vidas dependem disso!!! Sê forte, minha linda, eu amo-te.
A jovem esposa diz ao marido:
- Querido, estou reconhecida que penses assim! Efectivamente este homem não vê uma mulher há anos, no entanto não estava a beijar-me o peito. Estava a dizer-me ao ouvido que gostou muito de ti e perguntou-me se guardamos a vaselina na casa de banho. Sê forte, meu lindo; eu também te amo muito.
Conclusão:
Não estar verdadeiramente informado pode trazer sérios inconvenientes. A informação actualizada e exacta é fundamental para sair com êxito do ataque de competência desleal e assim evitar surpresas desagradáveis.
Caso 3:
Um rapaz vai a uma farmácia e diz ao farmacêutico:
- Senhor, dê-me um preservativo. A minha namorada convidou-me para ir jantar esta noite lá a casa, já saímos há três meses, a pobre começa a estar muito quente e parece-me que me vai pedir para lhe pôr o "termómetro".
O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai da farmácia.
De imediato, volta a entrar, dizendo:
- Senhor, é melhor dar-me outro, porque a irmã da minha namorada, é uma boazona de primeira, passa a vida a cruzar as pernas à minha frente que ás vezes até lhe vejo as entranhas. Acho que também quer algo, e como vou jantar hoje lá a casa...
O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai da farmácia.
De imediato, volta a entrar, dizendo:
- Senhor, é melhor dar-me outro, porque a mãe da minha namorada também é boa como o milho. A velha, quando a filha não está ao pé, passa a vida a insinuar-se dum modo que me deixa atrapalhado, e como eu hoje vou jantar lá a casa...
Chega a hora da comida e o rapaz está sentado à mesa com a sua namorada ao lado, a mãe e a irmã à frente.
Nesse instante entra o pai da namorada e senta-se também à mesa. O rapaz, baixa imediatamente a cabeça, une as mãos e começa a rezar:
- Senhor, abençoa estes alimentos, bzzzz, bzzzz, bzzzz,... damos-te graças por estes alimentos.
Passa um minuto e o rapaz continua de cabeça baixa rezando:
- Obrigado Senhor por estes dons, bzzz, bzzz, bzzz....
Passam cinco minutos e prossegue:
- Abençoa Senhor este pão, bzzz, bzzz, bzzz...
Passam mais de dez minutos e o rapaz continua de cabeça baixa rezando. Todos se entreolham surpreendidos e a namorada diz-lhe ao ouvido:
- Meu amor, não sabia que eras tão crente ...!!!
- E eu não sabia que o teu pai era farmacêutico !!!
Conclusão:
Não comente os planos estratégicos da empresa com desconhecidos, porque essa inconfidência pode destruir a sua própria organização.
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Saga da culpa! 

Um desabafo, com todo o sentido, enviado pela minha amiga Sandra Baptista:
“A culpa morre solteira! E repetem, a culpa morre solteira!
Porque morre a culpa solteira em Portugal?
Os portugueses deparam-se diariamente com culpas solteiras, nos vários níveis da sociedade portuguesa e vou apenas falar de algumas das minhas constatações de Culpas Solteiras.
Na saúde: a marcação de consultas muda de normas todos os dias, como se os portugueses, além de tudo o que têm que decorar, também tivessem que decorar as normas internas de funcionamento dos Centros de Saúde. Vou contar a última, só a última, por que passei. Para quase todas as mães portuguesas, esta é uma época muito agitada, corre-corre para comprar os livros, corre-corre para os cadernos e os lápis e as canetas, e a mochila também. Depois desta canseira, depara-se com outro rol de actividades como declarações médicas: para a escola, para a piscina, para outra actividade desportiva que o filho frequente, etc.
Então quando quis obter uma simples declaração médica da boa saúde do meu filho, quase que perdi completamente a minha. Dirigi-me ao meu Centro de Saúde, que na realidade devia ser chamado de Centro de Paciência, para marcar uma consulta. A médica de família estava de férias, o normal no mês de Agosto! O país está de férias! Então, como as consultas infantis têm dia marcado – ainda não arranjámos forma de programar as nossas crianças para só adoecerem nesses dias, pré-estipulados –, ficou marcada para 10 de Setembro a dita consulta. Informaram-me que apesar de na folha de marcação dizer que sou o nº 7, para as 17 horas, teria que estar no centro às 14 horas, o que na altura, naturalmente, me deixou indignada.
Entre as 14 horas e as 17 horas que poderia eu fazer de útil por este país, estupidamente sentada numa sala a abarrotar de gente, porque todos temos que aparecer às 14 horas?! “Esperar!”. Esperar...! Não me tinha dado conta que era um acto inteligente ficar sentado a perder a paciência durante 3 horas!? “Não é caso único!”, diz a funcionária, que por questões de profissão tem que ali estar, não uma tarde, mas o dia inteiro!
Caso único! Claro que não! Pelo menos posso ter a garantia que pelos menos 12 outras pessoas estariam na mesma situação! Falta de inteligência colectiva! Encostados assim uns aos outros talvez possamos chamar, normalidade!
E o país poderá algum dia ser considerado produtivo quando por uma mera declaração, que normalmente tem duas linhas, numa letra que ninguém percebe, duas vinhetas e um carimbo do Centro, porque o monograma já vem tipografado, poderá custar uma tarde de trabalho, aos meus rendimentos?
E a senhora Ministra das Finanças, todos nós, aqueles que apresentam declarações de IRS, poderemos dizer que foi uma tarde produtiva?! E os meus alunos, o que aprenderam nas minhas horas sentada a perder a paciência e a massacrar o meu filho, num cubículo chamado de sala de espera?!
Então, como a consulta estava marcada para as 17 horas, no papel que “sai pelo computador”, palavras da funcionária, naturalmente só me apresentei no Centro a essa hora, mas a minha ficha de entrada, depois de 10 outros minutos para que o computador deitasse mais uma folha cá para fora, foi ‘expulsa’ do consultório da médica com um resmungo “Sabem perfeitamente que têm que estar aqui às 2 horas”.
Se eu pensava que me tinha livrado da dura tarefa de paciência perante o Serviço Nacional de Saúde, enganei-me, porque na realidade estive pacientemente à espera, à porta do consultório, para me indignar com tal atitude. Quando acabou de atender a paciente que estava lá dentro, 20 minutos depois, indignei-me com a médica, mas ela não se importou com o facto de entre as 14 horas e as 16:30 horas estivesse a contribuir para o aumento da produtividade do país.
Vim com 2 papéis na mão! Não...! Não é a referida declaração. Um é a marcação da consulta quase um mês antes, o outro é a folha recusada expulsa pela médica.
Sabem quanto custou ao país? à minha família?, porque à paciência fica pela imaginação de cada um. Vamos a contas de somar: 2 horas sem dar formação mais 4 bilhetes de metro, mais horas de prolongamento da escola do meu filho, mais paciência (quanto custa uma hora de paciência?)!
Parece que todos perdemos! Eu diria que estou a viver num país rico e produtivo, que os seus cidadãos podem dar-se ao luxo de não trabalhar para se entreterem a percorrer os corredores do Centro de Saúde/Paciência!
A culpa é de quem?
Depois desta saga de Centro de Saúde, estava eu a descansar no sofá, lamentando a inutilidade e ignorância das últimas horas do meu dia, quando o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho da SIC diz “A culpa morre solteira!”.
Que intocável se tornou esta senhora CULPA que deve ser muito importante, pois todos falamos dela, vemo-la materializada no nosso dia-a-dia, mas que não conseguimos que ela se case e nos deixe em paz!
Quem quer casar com a senhora Culpa, que é formosa/forte bonitinha?
Um maridinho para ela!
Não deixem esta querida morrer solteira!
Eu sei, todos sabemos, que esta senhora Culpa além de não arranjar marido, pelos vistos tem mais vidas que qualquer gato!
A justiça, dá injustiça; a saúde faz-nos perdê-la e ainda por cima temos que andar a confirmar onde pomos os pés, ou as rodas dos nossos carros, porque as pontes caem, e nem pelo ar podemos estar seguros porque os viadutos também nos caiem em cima!
Alguém me poderá responder como pode um português ser produtivo com uma gestão tão complicada?!
Se olhamos para o céu, cai o chão! Se o chão cai, ninguém teve culpa. Se por acaso a queda do chão ou do “céu” não nos acertar ou acertar pelo mínimo, teremos uma segunda batalha, as peripécias de um centro de saúde ou hospital português, como um amigo meu que foi atropelado numa passadeira: esteve num hospital público 7 horas, todo esmurrado mas mandado para casa. A sorte dele (como é vulgar dizerem!, esta é prima da Culpa), é que pertence à Marinha, e como tinha que pedir baixa teve que ser visto por uma equipa médica da Marinha. Então aquela criatura cumpridora, a atravessar na passadeira, atropelado por um chico esperto que queria passar 3 carros de uma só vez, - os tontos estão parados para quê?!, - aproveitando a reentrância existente para os autocarros, foi parar a uma maca, entretanto foi colocado no chão, pela falta de macas, e por fim considerado como apto para ir para casa, descobrem então na Marinha que afinal a criatura tinha um fractura craniana!
Aqui a culpa morreu solteira também. Solteira, mas não só! O chico esperto tinha seguro que pagou tudo, incluindo os novos dentes perdidos no alcatrão da estrada e todos os outros prejuízos ao meu amigo; o hospital está convencido que aquele cidadão estava só um pouco maltratado pelo alcatrão, porque o meu amigo pertence aos cépticos que acham que não vale a pena reclamar!
A culpa morreu solteira! Mas acompanhada! Por quem? Tantos outros casos não noticiados pelo Rodrigo! Este também não foi!
Como é possível num país onde existem Estatísticos que estudam a probabilidade das coisas, mas nunca se encontra a probabilidade de uma ponte cair, ou um viaduto. Engenharia...!
Mas nós também temos engenheiros e uma obra é sempre constituída por várias pessoas, engenheiros para estudar a questão, fiscais para verificar, e trabalhadores especializados para a fazer. Como pode no meio de tanta sabedoria uma obra ficar mal feita? Como pode desta forma cair em cima de nós sem aviso prévio (claro)?!
Então, pela análise, nós andamos com vários grandes problemas: o chão (ponte), Castelo de Paiva, foge, ou abate-se como no Terreiro do Paço; o céu cai (viaduto) como na IC19; a saúde que não funciona, ou seja, tira-nos a saúde a educação também não, porque os professores andam no centro de saúde à procura de declarações! E as ciências andam também a falhar neste país.
Aprendemos cedo que existe a erosão dos solos, dos materiais, mas a Engenharia, não se socorre da sabedoria ou desacredita a Geologia, a Geografia e a Estatística para detectar que este facto é real; provavelmente (diz a Estatística) vai cair, porque houve erosão (diz a Geologia) e as correntes mudaram (diz a Geografia)! Quando cai, a Engenharia, socorre-se da filosofia para dizer “É a lei da borboleta!”!
Bem, parece que o fim dos portugueses poderá ser só um... a fé, que pelo menos a divina providência funcione!...
E podemos dizer, sem margem para dúvidas, que com tanta incúria dos nossos serviços, só esta funciona, apesar de não ter endereço físico (sede fiscal), nem electrónico, nº de telefone, nº telemóvel ou sequer esteja posicionada na rede chamada Internet...
Não podemos reclamar...!”
abcd2003@tiscali.fr

lundi, novembre 10, 2003

Arriscar 

Sem nada com que contar. Sem ninguém em quem se apoiar. Avançou. Sabia que não procurava o sonho americano, mas algo melhor do que tinha – o que não era difícil, pois nada tinha. Arriscar foi-lhe fácil. Arriscar é fácil a quem não tem nada. Não se precisa de pensar duas vezes. Arriscar sem nada significa não perder nada. Quem nada tem, nada tem a perder.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Victorino de Almeida e as Touradas 

Só ontem li uma entrevista do Victorino de Almeida ao "O Independente", de Outubro passado. Falava de tudo e sobre todos - sempre com a tónica "antifascista. A linhas tantas, diz o maestro querer que se esclareça se é verdade ou não que "picam os testículos dos bois" antes de entrarem na arena...
Já percebi porque é tão anti-touradas: não percebe patavina de animais. Ora, senhor Maestro, sempre o achei um bluff - tem peso demais na comunicação social para aquilo que realmente é, fez e faz. Experimente a picar os tomates de um boi a ver se consegue.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Obrigado! 

Obrigado Sandoca, obrigado Nina, obrigado Jacky (e não te esqueças que eu sou um pai e não uma mãe; heheheh), obrigado Faí­sca e obrigado Tudo em Cima.
CC
abcd2003@tiscali.fr

vendredi, novembre 07, 2003

Le lit de L'enfance 

Hier je me suis penchée
Sur le lit de l'enfance
Je t'ai vu écorchée
Par les traits du silence.

Tes longs cheveux tressés
Par mes doigts de patience
Ont souvent tracassé
Mes soirées d'espérance

Je t'ai vue enjouée
Riant d'insouciance
Tout à coup ma journée
Était joie qui s'élance

Quand ta main s'est posée
Dans la mienne présente
J'ai placé un baiser
Sur ta paume passante

De tes yeux épeurés
Dès que vient la tourmente
Ai-je su essuyer
La tristesse qui chante?

Tu es jeune et troublée
Par la brise violente
Pour toi, j'ai rassemblé
Les étoiles filantes.

Tu vois, j'ai cultivé
Des roses sans méfiance
Tu sauras en aimer
Ses touchantes nuances.

Dors, minuit a sonné
Oublie que l'existence
A quelques fleurs fanées…
C'est aussi la confiance.
Lucille
abcd2003@tiscali.fr

Filhos 

Tenho dois dedos com bolhas de água. Acontece-me sempre isto depois de afiar as centenas de lápis de cor da minha mais-que-tudo.
Mas vale a pena, descobrir todas aquelas cores, umas mais fortes, outras mais suaves, debaixo do pedaço de madeira, de cada vez que se vai rodando os lápis dentro do afia.
Depois, os desenhos, em conjunto, pintados com cuidado "para não sair do risco".
CC
abcd2003@tiscali.fr

Esquecer 

De onde vem o mal que tanto me abateu ?
Ele vem de um olhar que nunca será meu...
A luz do próprio sol está para o olhar dele.
Parece o seu fulgor, quando o fito direito,
uma faca que alguém enterra no meu peito.

Veneno que se bebe em rútilos cristais e,
mesmo sabendo que mata, eu quero beber mais !

Procuro esquecer esse olhar intangível.
Não há cura, aí de mim, para o amor impossível.
Vencendo o seu amor, eu venço o meu tormento.
Isso conseguirei só pelo esquecimento.
Esquecer um amor dói tanto que parece que a
gente vai matando um filho que estremece,
ouvindo com terror no peito este estribilho
“Tu não sabes, cruel, que matas o teu filho” ?

E quando se estrangula os seus gemidos loucos,
A gente quer que viva ... e vai matando aos poucos.
Quero fugir ! Arrastar comigo esta tortura imensa,
que o remédio é pior que a própria doença;

Pois para curar um amor como este...

Meu Deus, que poderei mais fazer ?

E já que não consigo ser forte,
Será que o remédio está na própria morte ?

Da minha amiga Maria Eugénia
abcd2003@tiscali.fr

jeudi, novembre 06, 2003

Insónias 

Foi uma noite difícil. Passei-a acordado. A acordar. Ora me virava para a esquerda, ora para a direita. E quando o sono vinha, entrava, acto contínuo, naquela linha ténue entre o sonho e o pesadelo. E zás! Acordava. Passei assim a noite, acordado, a acordar.
Tem sido assim nos últimos dias. Alguma coisa me preocupa; não sei o quê, talvez escondida no meu subconsciente, talvez uma premonição.
Insónias provocadas pela ansiedade de que a noite se torne dia, no próximo dia. Mas, se não posso reter o tempo, também o não posso acelerar. Ele corre como quer, a segundos cadenciados, dono de si próprio.
Espreito pela janela. O céu começa a escurecer, a noite a cair. Lá vi começar tudo outra vez. Deitar-me para dormir sem conseguir adormecer. Passar a noite acordado, a acordar, à espera que se faça dia outra vez. A esperar até quase desesperar. Insónias de merda.
CC
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Mário Vargas Llosa – «A Festa do Chibo» 

«Fora ideia dela? Era tarde para o averiguar, rapariga; a tua mãe estava no céu e o teu pai morto em vida.»
abcd2003@tiscali

Fotografias 

Vejo fotografias antigas. Observo imagens de uma grande casa rodeada de montanhas, e no espaço que as imagens não ocupam tinta azul, alguém, um homem, provavelmente doente e jovem, a remeter saudades via correio.
CC
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Nostalgia 

Ah, que saudades de viver a infância sem o futuro pensado.
CC
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Trabalho, maldito 

Trabalho, trabalho e trabalho. Nem tempo tenho tido para me coçar, quanto mais para escrever aqui...
CC
abcd2003@tiscali.fr

mardi, novembre 04, 2003

Igualdade 

A única coisa que realmente nos une a todos é a mortalidade. Nada mais existe que nos torne a todos semelhantes.
CC
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Os jornalistas e a política 

Diz Inês Pedrosa – que tanto gosto de ler –, na sua última Crónica Feminina, no Expresso: «Parece-me uma evidência que a profissão de jornalista não é compatível com o exercício de cargos políticos ou de patrocínio (como a advocacia).»
Pois, eu não concordo, no caso dos jornalistas.
O homem é um animal político, tem ideias próprias e pode escolher os seus ideais; todos os jornalistas os têm. Uns são de esquerda, outros de direita, e outros ficam no centro.
Prefiro um jornalista militante de um partido político, sem o esconder, a um jornalista que se vanglorie de não ser militante do que quer que seja e que passe a vida a fazer «broches» à sua cor partidária. Ou sim, ou sopas.
Se um jornalista declarar a sua cor política, dificilmente enganará o leitor, ao contrário daqueles (principalmente os de esquerda), que tentam influenciar, até em textos que deveriam ser apenas informativos e não opinativos.
Quanto a cargos políticos, que os tenham, desde que não seja em acumulação com as funções de jornalista.
A bem da transparência.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Gonzalo Navaza escreveu-me! 

É verdade. O meu blog chegou a Espanha. E Gonzalo Navaza, autor do «Elucidário» escreveu-me. Tenho erros de tradução na sua obra. Está combinado: vai-me traduzir alguns excertos para português. Futuramente emendarei os erros. Obrigado Gonzalo Navaza.
Já agora, há um novo livro do autor publicado em Portugal. Chama-se «Erros e Tánatos», publicado este ano pela Deriva Editores.
abcd2003@tiscali.fr
CC

Sobressaltos 

A vida é um conjunto de sobressaltos, com pequenos intervalos de felicidade. Por vezes, se queremos mudar o rumo às coisas, temos de dar um salto. Às vezes mesmo grande. Mas, de tão grande que pode ser esse salto, temos medo de o dar. E, por isso, continuamos a viver em sobressaltos, com, cada vez, menos pequenos momentos de felicidade. Eu tenho medo – ou faltam-me os tomates – de dar esse salto.
E estou cansado de me cansar de perder tempo.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Adoro o Chiado 

Um homem entrado na idade, espreita imperturbável, seco como a mais tórrida das soalheiras, pela claridade de uma janela. A mesma claridade que apanha uma senhora desprevenida, cuja expressão não encenada demonstra afazeres.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Le pont 

Je déambule sur le pont suspendu de ma vie
Seule j’erre, entre l’instant fini et le non fini
Je n’ai pas un petit endroit, où je suis à l’abri
Du passage sur terre, je n’ai pas tout compris.

Jamais je ne peux me permettre de m’arrêter
En regardant le vide, je voudrais tant m’y jeter
Je sais que j’irai à l’encontre de ma destinée
Je voudrais vaincre la douleur et la neutraliser.

Le sol bouge trop vite sous mes nombreux pas
Ce n’est pas sous mon être, que le sol s’ouvrira
C’est encore la vie réelle qui me maintiendra
En cet espace confiné, qui certes, me laminera.

Le ciel si bleu devient tel un immense miroir
J’y vois l’image d’une femme remplie de désespoir
Je suis si lasse, j’aimerai juste me laisser choir
L’espoir prend place dans un petit mouchoir.

Le vent me ramène à la réalité avec tendresse
Je ne découvrirai pas cette pauvre once d’ivresse
Mon cœur pulse, je pense à ceux que je délaisse
Je reviens enfin, je me bats contre ma détresse.
Michèle R.
abcd2003@tiscali.fr

Vitamina C muda de casa 

O Vitamina C mudou de casa. João Sousa está agora aqui.
Espero que continue em força.
CC
abcd2003@tiscali.fr

Citação 

«O problema de ser pontual, é que não está lá ninguém para o confirmar.»
Enviado pela minha amiga sportinguista RT
abcd2003@tiscali.fr

Estou melhor 

Após um fim-de-semana passado entre cobertores, alimentado a chá e mel, estou de volta; à mesma rotina quotidiana, que já me cansa.
abcd2003@tiscali.fr
CC

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Autor: Gustavo Aleixo Weblog Commenting by HaloScan.com
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