jeudi, juillet 22, 2004
Perdido II
Não posso seguir em frente e não tenho como voltar atrás. Encontro-me num beco sem saída. Já nada faz sentido nesta vida perdida. Procuro soluções, mas um nevoeiro cerrado impede-me de ver mais do que dois palmos de horizonte à frente do nariz. Estou perdido.
A felicidade morreu-me e a infelicidade também já não me atormenta. Já nada em atormenta, como se tivesse perdido para sempre os sentidos e os sentimentos.
Fico neste beco sem saída e deixo passar o tempo. Daqui não saio. Faltam-me as forças e a força de vontade.
Que se dane.
Se não me mexer muito talvez as coisas não piorem; penso sempre nisto. Mas, vai não vai, chega uma rabanada de vento e abana-me. E logo piora tudo. Não há solução. Estou perdido. A única resolução é a morte – mas também não me mato; teria de mexer.
Tento-me lembrar de mim, de quando eu ainda era eu. Esforço-me. Não consigo. Parece-me ter sido há bem mais tempo que aquele que tenho de vida. Recorro a anotações antigas e não me encontro, não passo de um ser invisível, dispensável, de quem ninguém sente a falta.
Carlos Caldeira
A felicidade morreu-me e a infelicidade também já não me atormenta. Já nada em atormenta, como se tivesse perdido para sempre os sentidos e os sentimentos.
Fico neste beco sem saída e deixo passar o tempo. Daqui não saio. Faltam-me as forças e a força de vontade.
Que se dane.
Se não me mexer muito talvez as coisas não piorem; penso sempre nisto. Mas, vai não vai, chega uma rabanada de vento e abana-me. E logo piora tudo. Não há solução. Estou perdido. A única resolução é a morte – mas também não me mato; teria de mexer.
Tento-me lembrar de mim, de quando eu ainda era eu. Esforço-me. Não consigo. Parece-me ter sido há bem mais tempo que aquele que tenho de vida. Recorro a anotações antigas e não me encontro, não passo de um ser invisível, dispensável, de quem ninguém sente a falta.
Carlos Caldeira