lundi, avril 19, 2004
Estive fora, em negociações
Tenho estado muito ocupado. Muito mesmo.
A convite do ilustre Dr. Mário Soares, fui até ao Médio oriente – a Fundação com o mesmo nome pagou-me a estadia. A minha missão saiu fracassada, mas foi uma bela viagem.
Passei estes dias na companhia dos melhores terroristas – aqueles que ainda não se mataram matando.
A minha função era negociar (não sei bem o quê) com aqueles homens. O Bin Laden foi o que mais gostei de conhecer, um tipo simpático, afável; não faz mal a uma mosca, ao contrário do que dizem por aí – limita-se a abrir a boca, a dizer umas enormidades em árabe, e são os seus cordeiros que tratam do assunto. A verdade é que fui muito bem recebido e tive direito a uma sessão de fogo de artificio, como nunca antes tinha assistido.
Bom, a minha função era negociar com os homens. Mas, nada feito.
Eu – Ó Bin, diz-me lá, o que é preciso para mandares parar os ataques terroristas? Ser amigo do Zapatero e fazer como ele?
Bin – Nada.
Eu – Nada? Como assim?
Bin – Vocês são sempre aliados do inimigo do Islão, os Estados Unidos, esses infiéis. E esse tal de Zapatero que vá arranjar sapatos, se não quer sair da Nato.
Eu – E os que não estão alinhados com os EUA e a Nato?
Bin – Estão aliados a outros infiéis quaisquer.
Eu – Mas…
Bin – Olhe, diga lá ao Soares que isto nos está no sangue. De quando em quando, temos de nos rebentar. Até porque as virgens escasseiam pela Terra; só as podemos encontrar no Paraíso.
Visto isto, decidi aproveitar a estadia o melhor que pude. Foi-me dada a possibilidade de conhecer uma das grandes Escolas Hamas, o que logo aproveitei: os miúdos são mesmo bem tratados e bem ensinados. E têm regras.
- Atenção, nunca esquecer de ligar o fio azul ao verde, ou a bomba não rebenta. Antes de avançar para a linha do inimigo, verificar se todos os explosivos estão bem presos à barriga – é imperdoável, aos olhos de Alá, desperdiçar pólvora pelo caminho. -, explicava um professor.
Sim, é uma escola com regras, onde os alunos estão sossegados e os professores sabem esperar. Até me fez lembrar o meu querido Alentejo, onde o pessoal compra um porquinho pequeno, engorda-o até ao dia que o mata para comer. Nas instituições do Hamas tudo funciona da mesma forma: com toda a bondade, apanham as crianças que passam fome e dão-lhes comida e instrução. Quando chega a altura certa, mandam-os rebentar. Pena que tenham morto aquele anjo do Yassin; e aquele outro que o substituiu.
No último dia da minha visita, houve festa. Comemos e bebemos e, no fim, apreciámos um bom fogo de artificio.
O Bin pediu 10 voluntários, que logo saltaram para a linha da frente. Foram esses rapazinhos que se rebentaram, com explosivos de várias cores, atados à barriga, que se devem estar agora a divertir à brava no Paraíso, rodeados de virgens.
Bom, estou de volta. E já comuniquei ao Soares que vai ter de arranjar outros gajos para com quem negociar. Talvez os opositores à candidatura do filho, esses terroristas. Mas não deixei de lhe deixar uma pergunta:
- Ó Dr. Soares, porque nunca negociou com o Portas?
Carlos Caldeira
A convite do ilustre Dr. Mário Soares, fui até ao Médio oriente – a Fundação com o mesmo nome pagou-me a estadia. A minha missão saiu fracassada, mas foi uma bela viagem.
Passei estes dias na companhia dos melhores terroristas – aqueles que ainda não se mataram matando.
A minha função era negociar (não sei bem o quê) com aqueles homens. O Bin Laden foi o que mais gostei de conhecer, um tipo simpático, afável; não faz mal a uma mosca, ao contrário do que dizem por aí – limita-se a abrir a boca, a dizer umas enormidades em árabe, e são os seus cordeiros que tratam do assunto. A verdade é que fui muito bem recebido e tive direito a uma sessão de fogo de artificio, como nunca antes tinha assistido.
Bom, a minha função era negociar com os homens. Mas, nada feito.
Eu – Ó Bin, diz-me lá, o que é preciso para mandares parar os ataques terroristas? Ser amigo do Zapatero e fazer como ele?
Bin – Nada.
Eu – Nada? Como assim?
Bin – Vocês são sempre aliados do inimigo do Islão, os Estados Unidos, esses infiéis. E esse tal de Zapatero que vá arranjar sapatos, se não quer sair da Nato.
Eu – E os que não estão alinhados com os EUA e a Nato?
Bin – Estão aliados a outros infiéis quaisquer.
Eu – Mas…
Bin – Olhe, diga lá ao Soares que isto nos está no sangue. De quando em quando, temos de nos rebentar. Até porque as virgens escasseiam pela Terra; só as podemos encontrar no Paraíso.
Visto isto, decidi aproveitar a estadia o melhor que pude. Foi-me dada a possibilidade de conhecer uma das grandes Escolas Hamas, o que logo aproveitei: os miúdos são mesmo bem tratados e bem ensinados. E têm regras.
- Atenção, nunca esquecer de ligar o fio azul ao verde, ou a bomba não rebenta. Antes de avançar para a linha do inimigo, verificar se todos os explosivos estão bem presos à barriga – é imperdoável, aos olhos de Alá, desperdiçar pólvora pelo caminho. -, explicava um professor.
Sim, é uma escola com regras, onde os alunos estão sossegados e os professores sabem esperar. Até me fez lembrar o meu querido Alentejo, onde o pessoal compra um porquinho pequeno, engorda-o até ao dia que o mata para comer. Nas instituições do Hamas tudo funciona da mesma forma: com toda a bondade, apanham as crianças que passam fome e dão-lhes comida e instrução. Quando chega a altura certa, mandam-os rebentar. Pena que tenham morto aquele anjo do Yassin; e aquele outro que o substituiu.
No último dia da minha visita, houve festa. Comemos e bebemos e, no fim, apreciámos um bom fogo de artificio.
O Bin pediu 10 voluntários, que logo saltaram para a linha da frente. Foram esses rapazinhos que se rebentaram, com explosivos de várias cores, atados à barriga, que se devem estar agora a divertir à brava no Paraíso, rodeados de virgens.
Bom, estou de volta. E já comuniquei ao Soares que vai ter de arranjar outros gajos para com quem negociar. Talvez os opositores à candidatura do filho, esses terroristas. Mas não deixei de lhe deixar uma pergunta:
- Ó Dr. Soares, porque nunca negociou com o Portas?
Carlos Caldeira