lundi, janvier 19, 2004
Desespero
Vinha na rua a andar calma e despreocupada, a pensar, sozinha, em todos os problemas que lhe consumiam a felicidade. Pensava. E andava. Rua acima, rua abaixo. Um pensamento mau, outro menos bom. Mas todos maus, todos tristes. Todos sobre a tristeza do triste que é viver triste. Sentia-se só, sozinha, no meio de toda aquela multidão que atravessava as ruas, a falar, a cantar, a rir, a falar disto e daquilo, de tudo e de nada. Sozinha, a sentir-se só, entre encontrões e cotoveladas daqueles que a acompanhavam no passeio de fim de tarde, alegres até à exaustão, que riam, que adoravam a vida. E ela, desesperada, quase a adorar a morte, o silêncio total.
Carlos Caldeira
Carlos Caldeira