mardi, décembre 16, 2003
Difícil esquecer
Faz 24 anos, mãe, que para ti acabou este mundo. Faltavam 15 minutos para o meio-dia. Era domingo e eu estava no Coliseu dos Recreios, no circo. Só fiquei a saber da desgraça por volta das duas e meia da tarde, quando cheguei ao hospital e olhei para a tua cama vazia.
Tem sido difícil esquecer esse dia. Nunca te esquecerei.
Mãe...
Foi há 61 anos que tudo começou. Eras para ser Fátima. Mas as ideias, tal como a vida, dão muitas curvas e contra-curvas. E ficaste Elvira. E com o nome de dois bichos que tanta confusão te fizeram em pequena: Cordeiro e Coelho.
Foi há muito tempo que tudo começou. Mas foi também há muito tempo que acabou (pelo menos por aqui). Há 24 anos. O tempo de vida de um adolescente, como o Luís. Não tiveste tempo de acabar aquilo a que te propuseste.
Tinhas 37 anos, mais um do que eu tenho agora. Cada vez percebo melhor como foi curta a tua vida terrestre.
Que saudades. Saudades de me lembrar daquilo que me lembrava de ti. Um sorriso, uma repreensão, um sim, um não. O cheiro, as expressões... Que saudades! E tudo isso, às vezes, não passa de uma recordação com muita névoa, por onde é preciso espreitar com muita atenção. Eu tinha apenas 12 anos, e o Luís 5, lembras-te?
Os sonhos matinais desaparecem rapidamente. Com a vida pode acontecer o mesmo. E foi assim que aconteceu contigo. Desapareceste depressa de mais. Sem aviso prévio. Fiquei desolado e confuso.
Na minha alma há um canto meu, infernalmente recordado, dorido, de uma noite que chegou sem avisar.
Sabes, descobri que a única coisa de que se precisa para ser feliz é de tempo. Muito tempo (aquele que não tiveste). A felicidade é, ao fim ao cabo, uma questão de longa paciência. Realmente, paciência foi coisa que nunca te faltou. O problema foi o tempo.
Quem me dera que estivesses aqui, com esses teus cabelos castanhos, esses olhos dóceis e um sorriso que punha todas as pessoas à vontade. Mas não pode ser.
Penso que estejas no Céu. Num sítio onde me podes ver. Por vezes, chego a acreditar que estás aqui, ao meu lado, como se fosses o meu Anjo da Guarda.
Fica sabendo de uma coisa: nunca te deixarei fugir. Ficaste-me no coração!
Saudades! Até pode ser um sonho, há muito sonhado, e sempre repetido. Mas, não te vou deixar fugir.
Estou sempre à tua espera. E quando não posso esperar mais, sonho, sonhos acordados ou dormidos.
Sabes, nestes 24 anos (ao tempo que não nos vemos...) muita coisa mudou.
Lembro-te sempre! Com saudade!
Quando é que morrem os mortos? Quando nos esquecemos deles! Nunca hás-de ser esquecida. Mãe!
CC
abcd2003@tiscali.fr
Tem sido difícil esquecer esse dia. Nunca te esquecerei.
Mãe...
Foi há 61 anos que tudo começou. Eras para ser Fátima. Mas as ideias, tal como a vida, dão muitas curvas e contra-curvas. E ficaste Elvira. E com o nome de dois bichos que tanta confusão te fizeram em pequena: Cordeiro e Coelho.
Foi há muito tempo que tudo começou. Mas foi também há muito tempo que acabou (pelo menos por aqui). Há 24 anos. O tempo de vida de um adolescente, como o Luís. Não tiveste tempo de acabar aquilo a que te propuseste.
Tinhas 37 anos, mais um do que eu tenho agora. Cada vez percebo melhor como foi curta a tua vida terrestre.
Que saudades. Saudades de me lembrar daquilo que me lembrava de ti. Um sorriso, uma repreensão, um sim, um não. O cheiro, as expressões... Que saudades! E tudo isso, às vezes, não passa de uma recordação com muita névoa, por onde é preciso espreitar com muita atenção. Eu tinha apenas 12 anos, e o Luís 5, lembras-te?
Os sonhos matinais desaparecem rapidamente. Com a vida pode acontecer o mesmo. E foi assim que aconteceu contigo. Desapareceste depressa de mais. Sem aviso prévio. Fiquei desolado e confuso.
Na minha alma há um canto meu, infernalmente recordado, dorido, de uma noite que chegou sem avisar.
Sabes, descobri que a única coisa de que se precisa para ser feliz é de tempo. Muito tempo (aquele que não tiveste). A felicidade é, ao fim ao cabo, uma questão de longa paciência. Realmente, paciência foi coisa que nunca te faltou. O problema foi o tempo.
Quem me dera que estivesses aqui, com esses teus cabelos castanhos, esses olhos dóceis e um sorriso que punha todas as pessoas à vontade. Mas não pode ser.
Penso que estejas no Céu. Num sítio onde me podes ver. Por vezes, chego a acreditar que estás aqui, ao meu lado, como se fosses o meu Anjo da Guarda.
Fica sabendo de uma coisa: nunca te deixarei fugir. Ficaste-me no coração!
Saudades! Até pode ser um sonho, há muito sonhado, e sempre repetido. Mas, não te vou deixar fugir.
Estou sempre à tua espera. E quando não posso esperar mais, sonho, sonhos acordados ou dormidos.
Sabes, nestes 24 anos (ao tempo que não nos vemos...) muita coisa mudou.
Lembro-te sempre! Com saudade!
Quando é que morrem os mortos? Quando nos esquecemos deles! Nunca hás-de ser esquecida. Mãe!
CC
abcd2003@tiscali.fr