jeudi, octobre 16, 2003
Separação
É na morte que mais tenho pensado. Um pensamento que não tem dias, nem meses. Cheguei a um ponto de ruptura, comigo mesmo, com os outros, com a sociedade. Desaparecer do mapa é o que mais me apetece.
Detesto-me, e por isso não posso amar ninguém. Detesto-me, e por isso não posso poder fazer bem a ninguém.
Só sei fazer mal a mim próprio, e aos outros. Chego a acreditar que só de olhar para as pessoas já lhes estou a fazer mal. É algo que não consigo controlar.
Sinto-me mau, ansioso, um nojo, deprimido, um porco, um trapo. Lixo.
Não me importo de ficar louco, desde que atinja a felicidade; mas ainda não sei como se fica louco por vontade própria. Acredito, cada vez mais, que a morte seria a única coisa que me daria, finalmente, descanso.
Não sirvo para nada a não ser para fazer mal. Só tenho, então, uma solução saudável: viver sozinho; manter-me longe de tudo e de todos.
Sozinho como um bicho, ou sozinho como um homem. Sempre posso escolher uma das duas coisas. Mas agora não. Não me apetece escolher nada. Só quero tentar não me lembrar que me estou constantemente a lembrar da minha mais-que-tudo, que não tem culpa do pai que lhe calhou. Não a mereço.
Não choro. Não consigo. Nunca choro nos momentos tristes e difíceis. Fico apático – ou desorientado -, esgotam-se-me as lágrimas, muito antes de me começarem a escorrer pela cara abaixo.
Não consigo encarar o teu pai. Não consigo encarar a minha filha. Não me apetece encarar-te a ti. Nem a ninguém.
Um homem mau deve viver sozinho. Nem que seja apenas até se tornar bom.
É por tudo isto que quero estar sozinho. Só assim poderei não fazer mal a mais ninguém.
Despeço-me por tempo indeterminado ou para sempre. Ou até que o destino nos una novamente.
CC
abcd2003@tiscali.fr
Detesto-me, e por isso não posso amar ninguém. Detesto-me, e por isso não posso poder fazer bem a ninguém.
Só sei fazer mal a mim próprio, e aos outros. Chego a acreditar que só de olhar para as pessoas já lhes estou a fazer mal. É algo que não consigo controlar.
Sinto-me mau, ansioso, um nojo, deprimido, um porco, um trapo. Lixo.
Não me importo de ficar louco, desde que atinja a felicidade; mas ainda não sei como se fica louco por vontade própria. Acredito, cada vez mais, que a morte seria a única coisa que me daria, finalmente, descanso.
Não sirvo para nada a não ser para fazer mal. Só tenho, então, uma solução saudável: viver sozinho; manter-me longe de tudo e de todos.
Sozinho como um bicho, ou sozinho como um homem. Sempre posso escolher uma das duas coisas. Mas agora não. Não me apetece escolher nada. Só quero tentar não me lembrar que me estou constantemente a lembrar da minha mais-que-tudo, que não tem culpa do pai que lhe calhou. Não a mereço.
Não choro. Não consigo. Nunca choro nos momentos tristes e difíceis. Fico apático – ou desorientado -, esgotam-se-me as lágrimas, muito antes de me começarem a escorrer pela cara abaixo.
Não consigo encarar o teu pai. Não consigo encarar a minha filha. Não me apetece encarar-te a ti. Nem a ninguém.
Um homem mau deve viver sozinho. Nem que seja apenas até se tornar bom.
É por tudo isto que quero estar sozinho. Só assim poderei não fazer mal a mais ninguém.
Despeço-me por tempo indeterminado ou para sempre. Ou até que o destino nos una novamente.
CC
abcd2003@tiscali.fr