mercredi, septembre 17, 2003
Preguiça
- Vai por esse lado?
- Sim.
- Não devia.
- Porquê? Passa-se alguma coisa nesta rua?
- É um beco sem saída.
- Mas sempre posso voltar para trás.
- Não. Não tem retorno.
- Como assim?
- Nos últimos anos, quem por aí tem entrado nunca mais saiu.
- O que lá haverá? Prazer?
- Não sei. Só que não tem retorno.
- E a curiosidade?
- Que é que tem?
- Nunca a teve?
- De quê?
- De saber o que há neste beco sem saída e sem retorno!
- Já. Sinto-a muitas vezes. Por isso passo os dias e as noites aqui à frente. Aqui durmo e aqui como. Aqui vivo na esperança que alguém saia e me conte como é!
- Tem medo?
- É mais preguiça.
- Como assim?
- Sim. Para quem passa os dias aqui em frente, sem outra coisa que fazer, não perdia nada em espreitar, em avançar, em descobrir o que tem esse beco.
- Então porque não o faz?
- Já lhe disse. Por preguiça.
- Eu vou entrar.
- Mas venha. Venha depressa para me contar, que eu estou extremamente curioso.
- Depressa? Não posso. Também tenho preguiça.
- E a sua preguiça é maior que a sua curiosidade?
- Não. Mas é mais pesada.
Passados 10 anos voltou o homem que não tinha conseguido suster a curiosidade daquele beco sem retorno.
- Homem, continua aí?
- Sim, aqui o esperei.
- Já tenho uma explicação. Aquilo é um verdadeiro paraíso de onde ninguém quer sair. Só cá vim para lhe matar a curiosidade.
- Obrigado. Mas já estou tão velho que até tenho preguiça de ouvir. Vá. Vá. Eu aqui ficarei e se a preguiça não mo evitar recomendarei a entrada a todos os forasteiros nesse beco sem retorno.
CC
abcd2003@tiscali.fr
- Sim.
- Não devia.
- Porquê? Passa-se alguma coisa nesta rua?
- É um beco sem saída.
- Mas sempre posso voltar para trás.
- Não. Não tem retorno.
- Como assim?
- Nos últimos anos, quem por aí tem entrado nunca mais saiu.
- O que lá haverá? Prazer?
- Não sei. Só que não tem retorno.
- E a curiosidade?
- Que é que tem?
- Nunca a teve?
- De quê?
- De saber o que há neste beco sem saída e sem retorno!
- Já. Sinto-a muitas vezes. Por isso passo os dias e as noites aqui à frente. Aqui durmo e aqui como. Aqui vivo na esperança que alguém saia e me conte como é!
- Tem medo?
- É mais preguiça.
- Como assim?
- Sim. Para quem passa os dias aqui em frente, sem outra coisa que fazer, não perdia nada em espreitar, em avançar, em descobrir o que tem esse beco.
- Então porque não o faz?
- Já lhe disse. Por preguiça.
- Eu vou entrar.
- Mas venha. Venha depressa para me contar, que eu estou extremamente curioso.
- Depressa? Não posso. Também tenho preguiça.
- E a sua preguiça é maior que a sua curiosidade?
- Não. Mas é mais pesada.
Passados 10 anos voltou o homem que não tinha conseguido suster a curiosidade daquele beco sem retorno.
- Homem, continua aí?
- Sim, aqui o esperei.
- Já tenho uma explicação. Aquilo é um verdadeiro paraíso de onde ninguém quer sair. Só cá vim para lhe matar a curiosidade.
- Obrigado. Mas já estou tão velho que até tenho preguiça de ouvir. Vá. Vá. Eu aqui ficarei e se a preguiça não mo evitar recomendarei a entrada a todos os forasteiros nesse beco sem retorno.
CC
abcd2003@tiscali.fr