mercredi, septembre 17, 2003
O tempo que passa
Aqui estou eu sentado, a pensar no tempo que passa. Sem alegria, nem glória. À espera que o Sol nasça. Sentado, à beira de um rio que corre sempre no mesmo sentido, sem retorno. Sem maré-alta. Sempre baixa.
Apago fogos no meu Inferno privado. Toco nas paredes da minha memória. Recordo tudo. Todo o meu passado, neste tempo que passa. Olho-me, a mim próprio, de alto a baixo, e observo todos os meus movimentos. Tento esquecer o que nunca chegou a acontecer. Talvez seja eu, talvez sejas tu, talvez seja apenas o tempo que passa.
Espero pelo Sol. Até amanhã, parece-me uma eternidade. Contemplo, paciente e demoradamente, o que a vista me alcança, enquanto oiço o que o silêncio teima em me dizer. Penso na minha angústia, que não é mais do que apenas uma variação da mesma história de sempre. Admiro-me com tanta energia gasta, em algo que se repete de forma tão pouco agradável.
E fico sentado, à beira-rio, a pensar no tempo que passa.
Fugi, para não ouvir os gritos. Mas os gritos vão atrás de mim, como se a própria terra gritasse. Uma noite difícil de suportar. Mesmo para um homem como eu que já suportara tantas noites como esta. Sozinho, a olhar para o rio e a falar com as árvores.
Não me emociono. Não me divirto. Não aprendo. Não me excito. Não me ponho em causa. Não me escandalizo. Não conheço novas pessoas, nem faço por as imaginar. Aguardo sempre pelo melhor momento para estragar tudo.
Não tirei bilhete para a vida. Não há vontade e ocasião que eu não perca.
CC
abcd2003@tiscali.fr
Apago fogos no meu Inferno privado. Toco nas paredes da minha memória. Recordo tudo. Todo o meu passado, neste tempo que passa. Olho-me, a mim próprio, de alto a baixo, e observo todos os meus movimentos. Tento esquecer o que nunca chegou a acontecer. Talvez seja eu, talvez sejas tu, talvez seja apenas o tempo que passa.
Espero pelo Sol. Até amanhã, parece-me uma eternidade. Contemplo, paciente e demoradamente, o que a vista me alcança, enquanto oiço o que o silêncio teima em me dizer. Penso na minha angústia, que não é mais do que apenas uma variação da mesma história de sempre. Admiro-me com tanta energia gasta, em algo que se repete de forma tão pouco agradável.
E fico sentado, à beira-rio, a pensar no tempo que passa.
Fugi, para não ouvir os gritos. Mas os gritos vão atrás de mim, como se a própria terra gritasse. Uma noite difícil de suportar. Mesmo para um homem como eu que já suportara tantas noites como esta. Sozinho, a olhar para o rio e a falar com as árvores.
Não me emociono. Não me divirto. Não aprendo. Não me excito. Não me ponho em causa. Não me escandalizo. Não conheço novas pessoas, nem faço por as imaginar. Aguardo sempre pelo melhor momento para estragar tudo.
Não tirei bilhete para a vida. Não há vontade e ocasião que eu não perca.
CC
abcd2003@tiscali.fr