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mercredi, septembre 17, 2003

«Fábulas de Ackoff» - Russell L. Ackoff 

Para os, ditos, homens de esquerda aprenderem, e apreenderem, alguma coisa..... Se for possível, claro.

«A única coisa que nos salva da burocracia é a ineficácia»

«O tipo de sistema social redutor em termos de variedade é o que designamos por uma burocracia. Uma burocracia é uma organização cujo objectivo principal é manter as pessoas ocupadas a fazer coisa nenhuma. Pessoas preocupadas com o que chamamos “fazer trabalho”.

«As burocracias entravam o desenvolvimento. Retardam a melhoria da qualidade de vida. É por isso que muitos dos esforços dirigidos contra os sistemas passam pela não observância da burocracia, procurando não fazer o que esta exige desnecessariamente, ou fazendo uma coisa que precisa claramente de ser feita mas que ela se furta de fazer!»

«Numa burocracia, só uma coisa é mais importante que conformidade: as receitas»

«Porque tendem as ser ineficazes e obstruem o desenvolvimento, as burocracias convidam e encorajam a corrupção. Impõe-se o suborno para as fazer funcionar com menos eficácia e obstrução. As burocracias criam obstruções com o propósito de sacar subornos»

«Se este não fosse obstruído, como o é nos países mais desenvolvidos, não haveria corrupção porque a necessidade dela seria nula. Eliminar as obstruções ao desenvolvimento de uma sociedade não só fomenta o desenvolvimento como ainda diminui a corrupção»

«Não são coisas equivalentes: livrarmo-nos daquilo que não queremos não nos garante que alcancemos aquilo que queremos»

«Sem opções não há erros; sem erros não há loções, e sem lições não há desenvolvimento»

«Crescimento é um aumento em tamanho ou em número. Desenvolvimento não é tão fácil de definir!»

«Desenvolver-se é a pessoa ampliar o seu desejo e a sua capacidade de satisfazer as suas necessidades e desejos legítimos, bem como os outros.
Uma necessidade ou um desejo são legítimos quando, uma vez satisfeitos, não privam os outros da oportunidade de satisfazer as suas necessidades e desejos legítimos. Uma necessidade é tudo o que for indispensável à saúde ou à sobrevivência»

«Desenvolvimento é uma questão de saberes, não de haveres, e o saber é uma questão de educação. Daí que a educação seja o processo através do qual o desenvolvimento tem lugar. Uma vez que a aprendizagem é a essência do desenvolvimento, e que uma pessoa não pode aprender por outra, ninguém pode desenvolver os outros»

«Desenvolvimento é uma questão de saberes, não de haveres, e o saber é uma questão de educação. Daí que a educação seja o processo através do qual o desenvolvimento tem lugar.
Uma vez que a aprendizagem é a essência do desenvolvimento, e que uma pessoa não pode aprender por outra, ninguém pode desenvolver os outros.
Há um único tipo de desenvolvimento: o auto-desenvolvimento. Em todo o caso, qualquer pessoa ou instituição pode encorajar e facilitar o desenvolvimento de outrem. É justamente o encorajamento e a facilitação do desenvolvimento pessoal o que constitui a função mais importante da educação.
Ainda que a educação requeira a aprendizagem, a aprendizagem não requer ensino.
Por exemplo: muitos de nós aprendemos a nossa primeira língua sem que esta nos tenha sido ensinada. Aprendemo-la através da experiência. Poucas pessoas a quem foi ensinada uma segunda língua aprenderam esta tão facilmente como a primeira. Grande parte daquilo que nos é necessário saber no trabalho e na diversão, aprendemos no trabalho e na diversão, não na escola com um professor. Daí que não seja novidade nenhuma o aforismo: a experiência é o melhor mestre.
Concluindo, ainda que aprender seja necessário ao desenvolvimento, ser ensinado não o é. Assim, se explica que muita gente, que tem relativamente pouca instrução, seja, no entanto, espantosamente desenvolvida.»

«O que não é tão óbvio é que a educação não é necessariamente uma questão de escolaridade. Pode obter-se educação sem ir à escola. E pode ir-se à escola sem obter educação. Não obstante, pressupõe-se que as escolas sirvam para educar e, até certo nível ainda o fazem, mas esse nível tem vindo a decrescer nas últimas décadas. Como resultado, as escolas são severamente criticadas por variados procedimentos educadores. Eis uma amostra dessas críticas:
Não é possível passar algumas longas horas a visitar salas de aula de escolas públicas sem se ficar estarrecido com a mutilação visível. Por todo o lado – mutilação da espontaneidade, da alegria de aprender, do prazer de criar, do sentimento de si mesmo... Como os adultos se fiam tão naturalmente nas escolas, não conseguem avaliar os lugares sombrios, tristonhos que as escolas americanas são na sua maioria, quão opressivas e mesquinhas as regras por que se regem, quão intelectualmente estéril e esteticamente árida é a atmosfera, que falta deprimente de civilidade esta obtém da parte de professores e directores, que desdém estes ostentam inconscientemente pelas crianças!»

«O aluno é “escolarizado” para confundir ensino com aprendizagem, passagem de ano com educação, um diploma com competência, e fluência com a capacidade de dizer uma coisa nova. A sua imaginação é “escolarizada” para aceitar utilidade em lugar de valor...
Reforma gradual e concessões à pressão estudantil, admite-o a maioria dos peritos educacionais, será o suficiente. O que é necessário é um ataque frontal à estrutura escolar existente que substitua os métodos antiquados de ensino, as relações professor-aluno impessoais ou autoritárias, e os códigos de comportamento obsoletos por novas formas e ideias em sintonia com os tempos»

«Administradores e planeadores educacionais são incapazes de abandonar velhos modelos e conceitos. Pior ainda, tendem de uma forma geral a sentir-se satisfeitos com as características fundamentais do sistema existente e restringem as suas mudanças a aspectos não essenciais desse sistema».

«A qualidade da educação é, na sua opinião, directamente proporcional ao momento gasto em educação por estudante e por ano e ao número de meses durante os quais esse montante é dispendido. Deste modo, a qualidade da educação seria directamente proporcional à quantidade de recursos por esta consumida. Trata-se de uma terrível distorção do significado da qualidade. Não há nenhuma ligação taxativa entre qualidade da educação e a quantidade de recursos que esta consome. Além disso, a contínua invocação a mais recursos ignora completamente considerações de produtividade!»

«A maioria dos alunos e dos pais não têm uma oportunidade de escolha em termos de escola; são designados para uma que é subconvencionada, e cuja subvenção é relativamente independente da dos serviços que presta.
Em consequência, muitas das escolas públicas são monopólios dentro das áreas de responsabilidade que lhes são atribuídas. (e as escolas privadas não constituem uma opção para muitos estudantes por motivos de ordem financeira, religiosa ou geográfica).
Acresce que, na medida em que a sobrevivência das escolas depende mais da satisfação dos seus subconvencionadores do que da satisfação dos seus utentes, todas elas tendem para a burocracia. As burocracias, por sua vez, tendem a crescer indefinidamente porque acreditam que, quanto maiores forem, menos sujeitas estão a ser dispensadas.
Crescem em geral criando o chamado “make-work” (fazer trabalho) – trabalho que mantém as pessoas ocupadas a fazer coisa nenhuma, sem nenhum produto útil.
O “make work”, contudo, não deixa, em muitos casos, trabalhar eficazmente quem tem um trabalho a sério para fazer.
A desmonopolização e a desburocratização das escolas públicas são realizáveis, se se facultar aos estudantes e/ou aos pais a escolha das escolas, e se se fizer com que as receitas destas dependam do número de estudantes que servem.
O sistema dos vales, formulado pela primeira vez por Jenks (em 1970 – depois de Adriano Moreira), oferece estas condições, o que se segue é a minha própria versão do seu tema.
Aos pais de cada criança em idade escolar seria dado um vale de educação no valor de uma quantia específica de dinheiro pagável pelo Governo à escola que o recebe. Esse vale cobriria ensino e transporte (se necessário) em qualquer escola pública, ou parte ou a totalidade de ensino numa escola privada. A escolha da escola competiria aos estudantes e/ou aos pais.»

«As escolas públicas não teriam outras fontes de rendimentos a não ser os obtidos com o reembolso dos vales recebidos dos alunos que admitissem. Se os custos de uma escola excedem as suas receitas, o melhor é abandonarem o negócio.
As escolas privadas seriam autorizadas a aceitar e a receber o reembolso dos vales só nos casos em que seleccionassem mesmo novos candidatos. Estariam habilitados a cobrar o que entendessem, mas os pais ou os tutores teriam de cobrir todos os encargos que excedessem o valor do vale. Estas condições criariam concorrência entre escolas públicas e privadas, bem como entre as próprias escolas públicas.
O sistema de vales estimularia diferenças entre escolas. Teria lugar uma inevitável especialização. Por exemplo: se houvesse um número elevado de crianças atrasadas requerendo ensino especial, as escolas especializariam-se para as servir, em particular se os vales comportassem um valor superior ao do reembolso, como deveria ser o caso.
Além do mais, com este sistema eliminariam-se as escolas involuntariamente segregadas, na medida em que estudantes e/ou pais teriam o direito de escolha das escolas, e as probabilidades dos estudantes serem seleccionados para a escola da sua candidatura seriam independentes da sua raça ou de outras características pessoais. Isto advém do requisito de os estudantes deverem ser admitidos através de selecção aleatória entre candidatos.
Com a introdução de mecanismos de mercado no sistema educacional – como aconteceria com o sistema de vales – pais, tutores e crianças seriam encorajados a familiarizar-se com as escolas ao seu dispor. Cada comunidade deveria proporcionar uma troca de informações a respeito das escolas, incluindo a avaliação das mesmas por parte das crianças e dos pais, bem como dos educadores.
Num sistema de vales, as escolas disporiam de referências relativamente rápidas acerca da sua performance, retirando portanto mais conclusões do que o fazem actualmente dos seus sucessos e fracassos. Tornavam-se igualmente mais adaptáveis e mais sensíveis às necessidades e aos desejos dos estudantes, dos pais, dos tutores, de quem em geral aposta nelas o seu dinheiro, e das comunidades de que fazem parte. Os administradores escolares esforçar-se-iam mais em envolver os seus investidores em matérias de planeamento e políticas de acção, o que encorajuraria e facilitaria o desenvolvimento pessoal dos participantes, assim como tornaria as escolas mais receptivas aos anseios daqueles que servem!»

«A participação dos seus utentes, e pagadores, na formulação do processo educacional serviria para assegurar a relevância da educação fornecida. Estudantes de áreas rurais, por exemplo, aprendiam provavelmente matérias que os vinculassem de um modo mais produtivo a actividades agrícolas. A sua educação não os obrigaria a ter de emigrar para as cidades para encontrar empregos de acordo com o que aprenderam!»

«O que se exige, portanto, do sistema educacional é o consentimento dessa capacidade de adquirir-mos compreensão por conta própria e o encorajamento do seu emprego.
Talvez seja uma maneira dos professores, também eles, adquirirem alguma compreensão!»

«Resumindo, o sistema educacional devia:
1 – Preservar as diferenças individuais entre estudantes, e encorajar os estudantes no sentido de desenvolverem as suas combinações únicas de competências, não a moldarem-se a produtos de marca normalizados;
2 – Centrar-se na aprendizagem, não no ensino, dando condições aos estudantes para aprenderem a melhor forma de aprender e motivando-os para uma aprendizagem contínua;
3 – Sintetizar o que os estudantes aprendem de modo a produzir compreensão, se não mesmo sapiência (não se limitando a transmitir informação e conhecimento), e dar relevo às inter-relações entre matérias e disciplinas, particularmente entre ciência, tecnologia, artes e humanidade;
4 – Habilitar os estudantes para lidarem com sistemas como um todo em vez de reduzi-los, através da análise, a partes de tratamento mais fácil;
5 – Encorajar a constante reformulação das instituições e processos educacionais de modo a que possam ser desburocratizados, desmonopolizados e adaptados a condições e estudantes variáveis, permitindo a participação de alunos, pais e quantas aí invistam o seu dinheiro nessa reformulação e sua implementação»

«Esse modelo está reflectido num antigo provérbio iraniano que diz mais ou menos isto: dás hoje um peixe a um homem faminto e ele terá fome amanhã»

«Na minha opinião, a liberdade de decidir, de fazer escolhas, é a mais importante liberdade que uma pessoa de qualquer idade ou época deve possuir. No entanto, essa liberdade será oca sem alternativas de escolha. Consequentemente, privar as futuras gerações de opções futuras é uma questão de ética e de desenvolvimento.»

«O filósofo de sistemas C. West Churchman escrevia recentemente: “ Moralidade é uma conversa interminável dos vivos com os seus ancestrais sobre como conceber um mundo bom para as gerações futuras. E a conversa precisa de ser inteligente... Se insistirmos num sim ou num não, a conversa acaba. Mas não devia acabar. Isto quer dizer que um sim ou um não definitivos nunca ocorrem: a moralidade nem é absoluta nem relativa”»

«Não há maneira de resolver conflitos entre as pessoas que concordam em discordar e, sobretudo, quando valorizam esse desacordo»

«Quando já nada pode piorar as coisas, fazer qualquer coisa melhora-as.»

«O que os outros pensam de nós é mais uma questão da nossa mente do que da deles».

«O mesmo não se aplica à maioria dos gerentes: o seu mecanismo mental é mais idêntico ao de um criado do que ao de um profissional.
As escolas de gestão não preparam os futuros gestores para se comportarem como profissionais, apenas para reclamarem profissionalismo.
Os profissionais têm a obrigação de possuir ideias quanto às condições mínimas sob as quais estão dispostos a exercer os seus cargos. Quando tais condições não são preenchidas, devem recusar-se a exercer e demitir-se, se necessário. A ameaça da retirada é a protecção mais forte de que um profissional dispõe para o seu profissionalismo»

«Os erros são facilmente emendados entre amigos, e as exactidões facilmente defraudadas entre inimigos»

«Quando uma criança fizer uma coisa má, explicou ela, nunca lhe digam que ela é má; digam à criança que o que ela fez é mau. Não confundam uma criança com aquilo que ela faz. Nunca insinuem nem dêem a entender que estão a retirar o vosso amor por essa criança em virtude de desaprovarem o que ela fez.»

«Preocupação, não acordo, é a chave para abrir corações.»

«A amizade baseia-se na preocupação, e a preocupação assenta profundamente no respeito. O respeito é algo que não pode ser exigido nem forçado; pode unicamente ser concedido»

«O tempo é o nosso recurso mais valioso, o único que não é de todo em todo renovável. Ninguém, nem mesmo nós, tem o direito de o desperdiçar.»

«O sistema de castas é uma forma de autorizar que uns, por causa de um acidente de nascimento, tomem os privilégios como uma coisa natural, e façam passar um mau bocado aos que devem, por causa de um acidente de nascimento, acatá-lo.»

«É capaz de haver mais irracionalidade na mente do observador do que há na mente do observado.»

«A arte de dar está muito menos desenvolvida que a arte de receber, mas está mais desenvolvida entre os menos desenvolvidos do que entre os mais desenvolvidos.»

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Autor: Gustavo Aleixo Weblog Commenting by HaloScan.com
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